domingo, 22 de janeiro de 2012

A FESTA DO SÉCULO - Niccolò Ammaniti

“O autor nos apresenta uma sociedade cheia de vaidade que as importantes personalidades irão desfrutar. Com apenas uma ressalva: não da maneira que elas esperavam.”
Por Elenilson Nascimento
A complexidade psicológica de alguns personagens na atual literatura contemporânea, as idiossincrasias de cada um, as nuanças do relacionamento amoroso em livros vendidos como salvação de relacionamentos, os lados amargos da vida, e tudo mais que os autores consagrados pela mídia como os “melhores” têm oferecido aos seus leitores parece mais uma literatura de locomotivas e trilhos (*como o metrô de Salvador), de tratores e ceifeiras, de tornos mecânicos e bombas hidráulicas. Ou seja: muita purpurina e pouca arte, pois parece que muitos autores esqueceram-se frente ao predomínio de uma narrativa heróica centrada nas ações de puro marketing de escrever algo fundamental, algo devastador. Um tédio e uma chatice só.
Porém, gostei muito do novo livro de Niccolò Ammaniti chamado “A Festa do Século”. Esse italiano romancista, nascido em Roma, fazia parte do grupo canibal, por causa de uma antologia chamada “Gioventù Cannibale” (1996), para a qual escreveu um romance curto, juntamente com Ricardo Shorts. Agora, com o lançamento de “A Festa do Século”, Ammaniti traz ao leitor brasileiro o tema da futilidade no contexto atual do mundo das celebridades. Lembram do que eu escrevi no início desse texto?
Valendo-se de personagens como falsos intelectuais, jogadores de futebol, ganhadores do prêmio Nobel, políticos desonestos e atrizes pornôs, o autor coloca-os em celebração ao lado de criaturas demoníacas, por meio de uma seita satânica. Lembrei muito de “O Código DaVinci”, mas só ficou nisso viu! Do outro lado da história, é narrada a saga de um escritor que enfrenta crise de inspiração. A crítica de Ammaniti, autor também do livro “Como Deus Manda”, já foi publicado em 44 países, é direcionada à vulgaridade da sociedade “berlusconiana” – como tão bem foi lembrada na crítica na revista Veja, ao lado.
Em “A Festa do Século”, cada uma das páginas abriga não apenas seres humanos de carne e osso, mas um grupo de titãs marketeiros e mentirosos esculpidos em mármore ou forjados no bronze. Ammaniti é conhecido por sua escrita corajosa.
Em seu romance anterior, o já citado “Como Deus Manda”, ele expôs o mundo dos excluídos, dos marginalizados e dos brutalizados italianos em uma sociedade consumista. Agora, nesse novo e ótimo livro, o autor apresenta a sociedade da vaidade que as importantes personalidades irão desfrutar. Com apenas uma ressalva: não da maneira que elas esperavam.Ammaniti faz uma ode à futilidade da sociedade atual e, para isso, reúne uma nata de celebridades criadas justamente para enganar o povão, numa celebração ao lado de criaturas enviadas pelo próprio demônio. E tudo ocorrerá na casa do magnata imobiliário Salvatore Chiatti. Segundo o autor, ele tenta, por meio de uma trama engraçada e criativa, fazer uma sátira da vulgaridade berlusconiana. A consequência foi um romance impressionante e impiedoso, além de maravilhoso. (“A FESTA DO SÉCULO”, de Niccolò Ammaniti, romance, 336 págs, trad. Joana Angélica d’Avila Melo, Bertrand Brasil – 2011)
imagens: reprodução

2 comentários:

  1. uau, não conhecia o livro, mas adoro histórias regadas a críticas e personagens complexos.
    bjos

    Jack do @Mybooklit

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  2. Ola, voce poderia visitar meu blog: http://1luznastrevas.blogspot.com/ eu posto nele um livro que estou escrevendo e tenho alguns leitores onn-line, gostaria que lesse ele e se puder divulgase!Seria uma honra , obrigada desde já bjos

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