Esse
primeiro romance desse sensacional existencialista ateu, sob o título inicial
de Melancolia (por sugestão de um quadro pintado no século.XVI), porém editada
em 1938 com titularidade ‘La Nausée’, foi dado como sua obra mais importante,
por sua mistura filosofia x romance, sua linguagem simples e por conter todos
os princípios do seu existencialismo.
Obra
extremamente reflexiva e com muitas visões, nos traz como abordagem
central o existencialismo claro, com todas as teias e tentáculos do seu
olhar crítico. Apesar de eu ter gostado mais do seu tratado filosófico 'O
Ser e o Nada', tenho que louvar o autor pela brilhante obra.
O romance
filosófico é escrito em forma de diário, de um historiador que viaja por toda a
Europa e acaba se estabelecendo numa cidadezinha portuária da França, para
escrever a biografia do excêntrico marquês de Bouville, morador da mesma
cidade durante o séc. XVIII. Porém, começado o trabalho, se desencanta não só pela biografia,
como também pela sociedade e condições humanas do povo da cidadezinha. O
protagonista é então, acometido por uma estranha sensação de aversão ao
ser humano e sua condição existencial, o que dá titularidade a obra,
"náusea". Perambulando
pela cidade desconhecida, depara-se com o absurdo da condição humana e essa
realidade lhe dá náuseas, por sua visão inócua e sem embasamento. E começa a
perceber na sua própria liberdade, uma inutilidade e uma mediocridade.
Cercada
de um niilismo gigantesco e de muitas entrelinhas filosóficas, o livro nos
mostra um protagonista sem padrões e angustiado pelas próprias
contestações que faz a respeito da existência e sua falta de sentido. Trata-se,
portanto, da saga de um personagem conturbado e por vezes beirando a loucura,
que ao final encontra seu caminho como escritor da mediocridade e inutilidade
humana.
Para
Sartre, os homens estão sempre querendo preencher o "nada", querendo
se transformar sempre, ao invés de permanecerem na inércia humana.
Condenados a liberdade dos seus livres arbítrios sem patrão, e
angustiados pelas suas próprias ações futuras imprevistas...para mim, é disso
que o livro trata.
“Nunca se é homem, enquanto se
não encontra alguma coisa pela qual se estaria disposto a morrer.”
"Estamos condenados a ser
livres" (Sartre)
Nenhum comentário:
Postar um comentário