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sábado, 4 de fevereiro de 2023

AO DESPREZAR A SINCRONICIDADE, TROQUEI A MENSAGEM POR UMA LEITURA INACABADA



Resenha do livro “FACA”, de Jo Nesbø

Há muito tempo sou fascinado pelas sincronicidades. Acredito firmemente (crença que vem sendo corroborada pela experiência) que toda vez que estamos diante de uma sincronicidade (ou seja, de uma coincidência significativa), isso significa que estamos no lugar certo e na hora certa. A sincronicidade é como uma confirmação do universo de que está tudo bem, mesmo que estejam ocorrendo circunstâncias perturbadoras. Além disso, via de regra onde há sincronicidade há também alguma mensagem esperando por nós.


Pois bem, alguns meses atrás vivenciei uma sincronicidade envolvendo baratas. Infelizmente, por algum mecanismo de defesa não me recordo mais que sincronicidade foi essa. Mas me lembro claramente de que a sincronicidade foi reforçada pela descoberta de um livro de Jo Nesbø chamado “Baratas”. Eu já queria mesmo ler algo desse autor, e essa sincronicidade a mais foi o empurrão que faltava. Contudo confesso que fiquei receoso de encarar esse livro. Meus encontros literários anteriores envolvendo baratas deixaram cicatrizes profundas, tanto na assustadora “Metamorfose” do Kafka (que já li três vezes) quanto, principalmente, no visceral mergulho de “A Paixão Segundo G.H.”, de Clarice Lispector.


Decidi fugir da mensagem prometida pela sincronicidade, ou pelo menos adiá-la. E a partir daí nada mais deu certo. Ao descobrir que “Baratas” era o segundo volume na série do detetive Harry Hole, usei isso como desculpa para pegar outro livro. E acabei caindo na “Faca”, que era um dos mais comentados de Jo Nesbø. E só agora, ao escrever essa resenha, descubro que esse é nada menos que o décimo segundo livro da série!

Definitivamente, essa leitura não engrenou para mim. Fiquei meses me arrastando pelas páginas, tentando entender porque esse autor vem sendo aclamado por uma legião entusiasmada de fãs. Ao pensar na trama dessa história, uma expressão em inglês saltou na tela de minha mente: “far-fetched”, algo forçado, implausível, improvável, difícil de acreditar. Tal como um estuprador serial de 78 anos ou alguém que é filmado enfiando a mão no ventre aberto de uma mulher com o mostrador do relógio à vista para gerar confusão no estabelecimento de um álibi...

Por essas e outras, cheguei até a página 273 das 521 páginas de “Faca” sem que por um momento sequer me abandonasse a persistente consciência de estar lendo uma história de ficção. Isso é exatamente o contrário da experiência que almejamos ter ao ler ficção. Uma boa história nos faz esquecer que estamos lendo e nos captura para dentro da trama.


Pois bem, ao chegar à página 273 de “Faca” me convenci de que melhor que aquilo não iria ficar. Abandonei o livro e dali mesmo comecei a (re)ler um de Agatha Christie, para me curar da ressaca literária. E na sequência engatei num ótimo do Dennis Lehane.

Ainda pretendo ler o “Baratas” do Jo Nesbø.

 


   

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FABIO SHIVA é músico, escritor e produtor cultural. Autor de “Favela Gótica” (https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica), “Diário de um Imago” (https://www.amazon.com.br/dp/B07Z5CBTQ3) e “O Sincronicídio” (https://www.amazon.com.br/Sincronic%C3%ADdio-sexo-morte-revela%C3%A7%C3%B5es-transcendentais-ebook/dp/B09L69CN1J/). Coautor e roteirista de “ANUNNAKI - Mensageiros do Vento” (https://youtu.be/bBkdLzya3B4).

 

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