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terça-feira, 11 de junho de 2024

A INSUPORTÁVEL GRANDEZA DE SER OU NÃO SER WILLIAM SHAKESPEARE

 


Resenha do livro “HAMNET”, de Maggie O’Farrell

Quando descobri esse livro “Hamnet”, fiquei doido para ler. Afinal o título só podia ser uma referência ao filho de William Shakespeare que faleceu aos 11 anos de idade e que foi homenageado em uma das mais famosas peças do pai, “Hamlet”.

A ideia de fazer ficção com a história de Hamnet não é novidade. Um dos episódios mais geniais do “Sandman” de Neil Gaiman, “Sonho de uma noite de verão”, em que Lord Morpheus faz um pacto com Shakespeare para que ele se tornasse o autor de obras que seriam celebradas pelos séculos vindouros, em troca de algumas peças escritas sob encomenda do próprio Sandman. Como costuma acontecer nessas histórias de pacto com entidades sobrenaturais, William Shakespeare teve que pagar um preço bem mais alto que o esperado por sua fama imorredoura. Titânia, rainha das fadas, é convidada de honra na apresentação da primeira peça que Shakespeare escreve para o Lorde Moldador (que é justamente “Sonho de uma noite de verão”). A rainha se encanta com o menino Hamnet e decide levá-lo com ela para o seu reino. Bravo!


É certo que nenhuma outra história sobre Hamnet me impactaria tanto quanto essa. Mesmo assim, comecei a leitura do livro de Maggie O’Farrell em feliz expectativa. Era, afinal, uma oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a família e a intimidade de Shakespeare. Ou assim eu pensava...

O livro já começa com um estranhamento: nada parece acontecer nas primeiras páginas. Temos apenas o menino Hamnet correndo de um lado para o outro, procurando a sua família. Um início meio insosso que eu, ainda na boa vontade, decidi considerar audacioso e original. Pois normalmente os escritores tentam capturar o leitor logo nos primeiros parágrafos.

Contudo as páginas seguintes não me trouxeram muitas compensações. A autora Maggie O’Farrell recria Agnes, a esposa de Shakespeare, quase como uma personagem de fantasia: dotada de poderes sobrenaturais, capaz de conhecer a mentalidade e o futuro das pessoas apenas tocando suas mãos etc. Quanto a Shakespeare, seu nome jamais chega a ser citado no livro: é sempre “o professor de latim”, “o filho de John” ou “o esposo de Agnes”.

Salvo essa tênue conexão com Hamnet, o filho do “professor de latim”, a história contada no livro não traz nada (ou quase nada) a respeito de Shakespeare. Poderia ser perfeitamente uma história aleatória qualquer, em que o tal “professor de latim” se chamasse George, Leonard, Wiston ou Zé das Couves...

Uma vez que esse “Hamnet” tenha se tornado um best-seller e inclusive ganhado prêmios, certamente deve ter seus méritos. Mas não creio que eu seja o único fã de Shakespeare que se sentiu frustrado e ludibriado com essa leitura. Ainda fiz um esforço para chegar ao final, mas ao perceber que estava pulando parágrafos inteiros e suspirando de tédio, percebi a inutilidade dessa tentativa. Parei na página 170 de um total de 380.


Como sempre procuro tirar algum proveito de toda leitura que faço, fiquei refletindo no que motivaria alguém a escrever um livro como esse. Então me lembrei da famosa “Questão Shakespeare”, uma espécie de movimento que tenta negar a existência de Shakespeare, atribuindo suas obras a terceiros. Essas hipóteses estapafúrdias nascem, a meu ver, da dificuldade de aceitar a grandeza humana. Negar que as obras de Shakespeare tenham sido escritas por ele é uma forma de tentar negar que alguém como Shakespeare possa ter existido. Da mesma forma, houve quem tentasse negar a existência histórica de Sócrates e Jesus. Ao menos Shakespeare está em boa companhia...



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FABIO SHIVA é músico, escritor e produtor cultural. Autor de “Favela Gótica” (https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica), “Diário de um Imago” (https://www.amazon.com.br/dp/B07Z5CBTQ3) e “O Sincronicídio” (https://www.amazon.com.br/Sincronic%C3%ADdio-sexo-morte-revela%C3%A7%C3%B5es-transcendentais-ebook/dp/B09L69CN1J/). Coautor e roteirista de “ANUNNAKI - Mensageiros do Vento” (https://youtu.be/bBkdLzya3B4).

 

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HISTÓRIAS DE MAINHA

“É claro que minha mãe é muito mais do que as anedotas contadas aqui. Ainda assim, acredito que será possível, mesmo para quem não a conhece pessoalmente, ter acesso a algo de sua essência pela leitura deste livro. Não se trata de uma biografia, e nem poderia, mas sim de algo como um lúdico holograma. Em cada piada, em cada risada, espero que você tenha acesso a uma alegria mais profunda, que talvez seja inexprimível por meio das palavras.” (Fabio Shiva)

 

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