Por Elenilson Nascimento
O autor do best-seller “

Em “O Sorriso do Lagarto”, por exemplo, João acrescenta um pouco mais de dimensão à nossa (tão desvalorizada e desrespeitada) literatura. Aliando sua vasta erudição (no livro podemos encontrar muitos termos científicos, provavelmente de um ardo trabalho de pesquisa) ao tratamento semicoloquial que dá a suas personagens, o autor mostrou uma linguagem exageradamente “baianesca” (desnecessariamente empobrecida), mas eficiente na compreensão e dimensão desses personagens.
À primeira vista, esse livro mais parece um emaranhado de frases complicadas só para complicar, como no primeiro período do primeiro capítulo: “Talvez isso não fique claro ainda por muito tempo, mas o exame consciencioso dos fatos que levaram aos acontecimentos principais deste relato mostrou que sua primeira cena se desenrolou em data já um pouco distante, sem que ninguém então pudesse saber o que pressagiava”. Pois bem. Ainda acho que o autor poderia ter sido um pouco menos grandeloqüente, ajudaria muito, principalmente nas explicações sobre “ovo aminiótico” nas recordações do biólogo amador João Pedroso.
A história desenrola-se em Itaparica (porque será?) em torno de alguns estranhos acontecimentos, mas só começa de verdade a partir da página 18 com as conversas picantes sobre traição de Ana Clara e sua amiga Bebel, regadas há um veneradossíssimo baseado. E nesse meio tempo, Ângelo Marcos, um político consagrado e marido de Ana Clara, é recomendado a passar uma temporada em Itaparica para se recuperar das conseqüências de suas hemorróidas nos seus “baixos incendiados” – apesar de matar-se ter sido o primeiro pensamento do político ao saber que tinha um “carcinoma epidermoide do canal anal” ou, como o próprio Ângelo definiu: “câncer no cu”. Hilário mesmo são as intervenções do John Thomaz (procure o significado no livro, você vai gostar!).

Várias observações do autor sobre a política no Brasil são encontradas entre os parágrafos, demonstrando seu engajamento contra os preconceitos xenófobos e retrógrados: “Temos a coragem de proclamar com transparência esta posição patriótica em defesa do bem-estar de nossa população, mesmo que essa posição não seja palatável para os demagogos que se rotulam de esquerda, mas não passam da encarnação perversa do imobilismo e do reacionarismo”. Além de uma escancarada crítica à educação através do velho Abeu Godinho que “só trabalhava numa clínica para ter alguma renda, além da de professor universitário, que não dava nem para comer decentemente”. E também as críticas à “cafajestada populista que está na moda agora, coisa de baixa extração tipo PT”.
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não faz muito meu genero de leitura... mas acho que pra gosta deve ser legal... ainda nao conhecia
ResponderExcluirbjs
nunca li o autor, apesar de sempre encontrar seus títulos por aí. achei curiosa a relação com Roberto Piva, cuja obra é maravilhosa. fiquei curioso sobre João Ubaldo. da próxima vez que encontrar com um dos seus livros, não vou rejeitar a leitura
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