Por Elenilson Nascimento
Depois do sucesso de livros como “Drive”, de James Sallis; “Justiça Suprema”, de Phillip Margolin; “O Espião que Sabia Demais”, de George Smiley e “Maigret e a Mulher do Ladrão”, de Georges Simenon, parece que realmente os livros policiais estão na moda, mas a grande dúvida dos leitores desse gênero recai sobre o que é realidade e o que é ficção.
“Réquiem para um Assassino”, publicado pela editora Bússola, é a estreia do autor brasileiro Paulo Levy. Mas engana-se que por ser um livro de estreia a obra não seja muito boa. O autor sempre teve um relacionamento íntimo com a palavra: já trabalhou como redator publicitário durante 15 anos; fundou uma empresa de e-books, uma das primeiras no Brasil, em 2000, e essa experiência com literatura durou até 2001. Nos cinco anos seguintes, gerenciou a filial paulistana da editora Objetiva, até fundar seu próprio selo, Bússola. E é por essa editora que Levy pode lançar o seu primeiro romance exatamente como planejado, sem cortes de parágrafos e sem mudanças bruscas de personagens, como normalmente acontece.
Em “Réquiem para um Assassino” (*adorei o pôster da propaganda do livro, abaixo), o autor apresenta Joaquim Dornelas, um delegado que foi abandonado pela mulher (que não agüentava mais a sua rotina arriscada), está longe dos filhos, mas que é “correto, mas humano”, nas palavras do próprio autor. A 40 metros de distância da orla, um corpo está atolado na lama seca, com os braços estendidos como um Cristo Redentor, um cadáver chama a atenção da multidão de curiosos na cidade fictícia Palmyra, no litoral fluminense.
O defunto não traz marcas aparentes de violência, e a única pista para a causa da morte está em um band-aid na dobra interna do braço do morto. Não havia marcas de cortes ou tiros. Enquanto isso, a maré subia depressa. Era preciso agir rápido para desvendar o mistério. “Eu vi essa cena muito clara para mim. Esse crime foi um divisor de águas. Foi uma coisa tão forte que eu tinha que escrever sobre isso”, contou o autor, publicitário e editor de livros numa das muitas entrevistas.
A partir desse crime, Dornelas – um alcoólatra que muito brasileiramente aprecia cachaça, mas gosta também de mingau de farinha láctea – começa a investigar uma complexa rede de intrigas e vai se dedicar com afinco à solução do caso, que se revela um dos mais difíceis de sua carreira.
E seguindo a trilha de detetives amargos dos filmes noir, Dornelas mal consegue fechar os olhos à noite e entorna doses de cachaça como quem bebe copos d’água. Com um histórico particular riscado de tristezas, ele entrega-se à ao caso e envolve-se com políticos, traficantes de droga, prostitutas e a comunidade local de pescadores, onde todos parecem estar de algum modo envolvidos na trama. Mas é justamente nos desdobramentos do misterioso cenário visto no litoral do Rio de Janeiro que ele encontra algum alento.
O autor já declarou ser fã dos detetives clássicos como Sherlock Holmes criado por Conan Doyle e o Hercule Poirot de Agatha Christie. “Sigo a rotina do delegado, mas a vida pessoal dele faz parte da história. Isso traz humanidade para o personagem. Os investigadores de hoje não podem ser perfeitos como o Sherlock Holmes, cuja vida pessoal nem aparecia nos livros. Hoje em dia, o leitor tem interesse em personagens reais, possíveis”, comentou o estreante autor. Mas nesse primeiro romance policial – lançado, como já dito acima – por sua própria editora, ele faz jus a esses grandes modelos. (“RÉQUIEM PARA UM ASSASSINO”, de Paulo Levy, romance, 224 págs, Bússula – 2011)
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Brigadinha flor.
ResponderExcluirBeijos e seja sempre bem vinda.
Ta aí um livro que eu realmente não conhecia. Vou anotar a dica Rudy! :D
ResponderExcluirAinda não te seguia aqui, acredita? Estou seguindo!
Um beijo,
Luara - Estante Vertical
Puxa, não conheço nada deste autor, vou buscar no SKOOB, beijos.
ResponderExcluirFiquei muito interessado em ler esse, valeu!
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