Há muito tempo vinha adiando a leitura de Paulo Coelho. Quero aprender com ele. É muito comum que Paulo Coelho seja crucificado como mau escritor, mas não creio que essa crítica tenha procedência. Alguém que consegue fazer com que tantas pessoas compreendam e apreciem suas palavras certamente não pode ser tachado como um mau escritor. O fato de eu mesmo já ter lido dois livros dele e não ter gostado não me desanima. Reconheço que a limitação é minha, e procuro superá-la.
Fui movido por alguns preconceitos a respeito de Paulo Coelho, principalmente com relação à sua parceria musical com Raul Seixas. Aliás hoje foi o dia de Raul, devidamente comemorado na capital baiana com shows de rock por toda a cidade. Que alegria descobrir que existe o dia de Raul na Bahia!!!
Por idolatrar Raul desde a adolescência, Paulo Coelho foi para mim sempre uma espécie de vilão difuso, traidor do movimento, o cara que parou de fazer as letras das músicas de Raul para escrever uns livros esotéricos. Nesse clima li “O Alquimista” e, tempos depois, “As Valkírias”.
Esse “O Demônio e a Srta. Prym” começa de cara com o ótimo título, sugestivo e ganchudo. E chega trazendo questões interessantes: será que o homem é bom ou mau em si? Submetido à tentação, algum homem consegue escapar? O que será esse conhecimento do bem e do mal que acarretou a expulsão de Adão e Eva do paraíso?
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Gostei!!!
No decorrer da leitura a estranheza inicial foi sendo superada. Quando dei por mim, eu já havia sido capturado pela história, e ansiava por conhecer o desfecho.
Paulo Coelho não é bobo, não. Ele cria um mosaico de referências que vão da filosofia à religião, sem que em nenhum momento seja possível dizer que ele está defendendo uma determinada postura ou corrente. Ao mesmo tempo, essa mistura que ele faz é temperada por afirmações fortes, que contradizem esse ou aquele sistema religioso ou filosófico que ele havia acabado de citar.
O resultado final é algo que reflete um ponto de vista muito pessoal, um olhar diferenciado e próprio, o olhar de Paulo Coelho. Talvez por isso ele tenha conseguido se tornar tão universal.
Do ponto de vista estritamente literário, Paulo Coelho é tosco. Faltam a ele os recursos estilísticos que estamos habituados a apreciar em autores mais habilidosos. Essa aparente limitação, no entanto, foi usada plenamente a seu favor. Percebi, e não pude deixar de admirar, uma tomada de posição de Paulo Coelho com relação ao ofício de escritor, pois sinto que ele abraça e assume com coragem e orgulho o seu despojamento estético.
Por não estar preocupado com tais sutilezas, Paulo Coelho fala diretamente ao coração. E a mensagem chega sem problemas para os seus muitos milhões de leitores.
nossa Fábio então eu também sou limitada pois não gosto dos livros que ele escreve e já li vários.... mais cada um tem um gosto né?? não entendo como ele faz tanto sucesso... mas.... bjoss
ResponderExcluirOi Cláudia! Valeu pelo comentário!
ExcluirEntão, é como eu disse na resenha: acho que ele escreve mal, mas passa mensagens valiosas! Talvez venha daí seu enorme sucesso! beijos!
Adorei a resenha e adoro os livros do Paulo Coelho, em especial "A bruxa de Portobello".
ResponderExcluirOi Thaynan! Valeu pelo comentário e pela dica, querida! Esse ainda não li!
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