Fletch é uma figura à parte na galeria dos detetives de
ficção. Para começar ele não é detetive, e sim um repórter investigativo, do
tipo que adora fuçar e descobrir coisas que ninguém quer que venham à tona. É
um sujeito extremamente espirituoso, sempre com uma piada na ponta da língua. E
é também, no fundo, um cara com um bom coração!
Eu já havia lido “Fletch e a Viúva Bradley”, e achei legal.
Mas confesso que fiquei com implicância para ler outra aventura de Fletch
depois que descobri que os livros do Gregory Mcdonald foram adaptados para o
cinema, com o Chevy Chase no papel de Fletch! Achei nada a ver, mas reconheço
que foi pura implicância, pois não gosto muito do tipo de filme que o Chevy
Chase faz.
Pois bem. Seguindo a um impulso (viva a intuição!), resolvi
dar uma chance a esse livro. E acabei gostando muito da leitura! O texto é bem
estruturado, com destaque para os ótimos diálogos e as impagáveis tiradas de
Fletch. Como romance policial o livro é satisfatório e interessante, pois na
verdade a trama policial sempre fica em segundo plano, o que não deixa de ser
uma inovação. E o Fletch é mesmo carismático! Basta dizer que acabei a leitura
simpatizando com o Chevy Chase...
Sobre a história: dessa vez Fletch está do outro lado da
imprensa. Foi contratado para ser o RP de uma campanha presidencial, e sua
missão é o contrário da missão de um repórter: ele precisa impedir que certos
fatos venham à tona e atrapalhem a campanha de seu candidato. Essa não será uma
tarefa nada fácil, uma vez que moças mortas começam a aparecer no rastro da
campanha...
Além da diversão em si, o livro proporciona boas
oportunidades de reflexão ao criticar com boa ironia as deficiências do
processo democrático. E ainda traz uma ideia bem interessante, inovadora mesmo
para o ano de 1983, quando o livro foi publicado. O autor chega a sugerir a
tecnologia como solução para os problemas da humanidade. Gostei muito das
ideias apresentadas!
O título original do livro é “Fletch and the Man Who”,
difícil de traduzir. O sentido é algo como “o cara que pode ser o presidente
dos Estados Unidos”, “o cara que pode ocupar o cargo mais poderoso do planeta”,
ou seja, o “cara que”... Acho que “Fletch e o Cara” também seria uma boa tradução
mais próxima do literal. Mas duvido que qualquer desses dois títulos seja usado
em uma edição brasileira!
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