Perdoem
se o que vou dizer soar como heresia, senhoras e senhores. Diante das
evidências, contudo, sou obrigado a chegar a esse veredicto:
P. D.
James é a evolução natural de Agatha Christie! Ela é a Herdeira.
Ela
também tem seu estilo próprio, não se trata de uma cópia de Agatha. Ao
contrário, penso que Agatha é que poderia escrever como P. D. James, caso
continuasse viva e escrevendo e se adaptando aos novos tempos.
Vamos
às sincronicidades:
* P. D.
James é uma baronesa, nascida e criada em meio à aristocracia inglesa. Assim
como Agatha Christie, pode falar com toda intimidade de pessoas que passam a
vida entre mansões, casas de campo e castelos, e cuja única ocupação é trocar
de roupa entre as refeições.
* Mas
sobretudo vejo em P. D. James o mesmo compromisso fundamental assumido por
Agatha em seus livros: o compromisso de um jogo limpo com o leitor, a
característica que torna o romance policial clássico um formato diferenciado de
todos os outros estilos literários. O que importa sobretudo é o enigma: quem,
como e porquê. As pistas são apresentadas com honestidade. E o desafio é
lançado: quem será mais esperto, a autora ou o leitor?
A
diferença principal entre James e Christie, a meu ver, é que as histórias de
Agatha parecem um pouco esquemáticas em comparação, quando o lado do jogo
sobrepõe-se ao da história, resultando em personagens às vezes bidimensionais
ou caricaturais. No caso de P. D. James, a caracterização dos personagens é
justamente um dos pontos mais fortes. Seus personagens têm consistência,
profundidade.
É isso
o que torna a leitura de um romance policial de P. D. James uma aventura
eletrizante! Não consigo largar o livro até terminar. Foi assim com “Um Gosto
por Morte”, primeiro que li dela, e a excelência da autora só foi confirmada
por “A Máscara da Caveira”.
O
título do livro na tradução é bem infeliz. Tenta dar um toque de
sensacionalismo de fácil vendagem que só atrapalha no fim das contas. Pois o
título original é “The Skull Beneath the Skin”, que poderia ser traduzido como
“A Caveira Debaixo da Pele”, que considero dez mil vezes mais sinistro que o
adotado pela tradução!
Sobre a
história: essa é a segunda e até o momento última aventura da detetive Cordelia
Gray, contratada para proteger uma atriz temperamental que vinha recebendo
estranhas mensagens anônimas. Haverá a estreia de uma peça em uma ilha próxima
da costa, em um autêntico castelo totalmente imerso na aura vitoriana. É claro
que a morte visita a ilha, e cabe a Cordelia desvendar o crime.
Uma
riqueza a mais de P. D. James é o fato dela construir pequenos mistérios
paralelos à trama principal, que vão sendo revelados aos poucos, para grande
deleite do leitor.
Na boa,
na boa: achei melhor que Agatha Christie!
Pronto,
falei!
***///***
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LEIA AGORA (porque não existe outro momento):
Nossa! E viva a sincronicidade!!
ResponderExcluirNunca imaginei alguém equiparado a Rainha do suspense. Adorei sua análise.
cheirinhos
Rudy
Valeu querida!
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