AGOSTO – Rubem Fonseca
Adoro esse mineiro, que abre os
olhos dos leitores para uma literatura histórica em forma de romance. Acredito
que essa seja mesmo a melhor forma de ensinar. A criança aprende vendo, cantando
e brincando...se isso dá certo com crianças, por que não ensinar adultos em forma de romance? Isso para mim é
bem lúdico e uma forma muito sensata de ensinar. Essa obra é muito usada em
provas exatamente por isso...
Esse autor brilhante desvenda
para o leitor minúcias do dramático agosto de 1954, onde crises, massacres,
corrupções e violências políticas aconteceram, e que foram capazes silenciosamente
de mudar o rumo político do país, e entrar doloridamente para o veio da
história política brasileira. Entrelaçando ficção e realidade, Rubem demonstra
sua grande capacidade de pesquisa.
Entre romance e política, a obra
vai nos levando a refletir sobre fatos que ficaram em nossos arquivos e foram
apagados de nossa memória. Aliás o brasileiro tem esse poder...o da memória política
curta. Ahahah
A obra editada em 1990 tem como
cenário a então capital da República da época o estado do Rio de Janeiro, e inicia
com o assassinato misterioso de um rico empresário, se misturando com o plano de assassinar o
jornalista carioca, opositor político declarado da presidência e responsável pelo Jornal Tribuna da Imprensa Carlos
Lacerda, pelo chefe da guarda do presidente
da República Getúlio Vargas. Ambos os delitos são investigados
concomitantemente, pois acreditavam estarem numa mesma linha reta política.
O autor entrelaça tão bem a
trama, que consegue envolver até mesmo o comissário investigador como cúmplice
dos atentados e também, mais tarde, assassinado como queima de arquivo. Pressões
de oposição ao governo pela imprensa, por militares, pelo Congresso e pelo povo
indignado são intensificadas, exigindo a renúncia do Presidente Getúlio, o que
culmina no seu suicídio no Palácio do Catete...isso é histórico.
Em dado momento da obra, já não
sabemos distinguir a ficção da realidade histórica e tudo passa a viajar em um enorme
bloco único de um delicioso romance policial. O autor ainda dá voz ao ministro
Tancredo Neves e alguns militares de vulto nacional, como Eduardo Gomes,
Mascarenhas de Moraes e outros.
É incrível como o autor consegue
nos transportar a um Rio de Janeiro político, sombrio, violento, tenso, corrupto,
muito diferente daquele cantado romanticamente em letras musicais...que corre o
mundo com sua paisagem maravilhosa e com um Cristo de braços abertos para o
povo.
Romance policial, ficção,
suspense, realidade, caos político e social, história do Brasilllll....tudo
junto em uma única obra. Maravilhosooooo!!!
Querida Moon, gosto demais de Fonseca, nem sempre de sua linguagem crua, mas sempre de suas reflexões sobre a condição humana. Sempre me pergunto de qual livro dele gostei mais, fico sempre entre este e A grande arte. Ainda assim acho que Agosto leva vantagem por sua carga explosiva, pelo contexto histórico, pela atentado da rua Tonelero, pelo romance entre Mattos e a protituta Salete, pelos dramas de um matador profissional. Nossa... são tantas coisas que seria melhor nem citar. Só pode dizer uma coisa: clássico!
ResponderExcluirRodolfo!
ExcluirIsso aí: clássico!
cheirinhos
Rudy
É verdade...essa obra dá pano para manga. É até difícil fazer uma resenha, pois são tantos pontos incríveis. Já li muitas obras dele, mas essa também concordo com você que é a mais rica de enredos.
ResponderExcluirMoon!
ExcluirRubem Fonseca permite essa variedade que nos envolve na leitura e nos transporta para mundos inimagináveis (ou não..).
cheirinhos
Rudy
Muito show a resenha!!!
ResponderExcluirRealmente esse é um dos melhores livros do Rubem Fonseca... o que equivale dizer que é um dos melhores livros da literatura nacional!!!