A CAMAREIRA - Markus Orths
Com
titularidade original ‘Das Zimmermädchen’, essa obra pequena e deliciosa desse
brilhante alemão, traz como protagonista uma bela e jovem alemã de nome Lynn, que
ao sair da internação em uma clínica psiquiátrica, tenta levar uma vida normal
trabalhando como camareira em um hotel. Sua mente neurótica se mantem viva, desvendando
a vida de cada hóspede a partir dos rastros deixadas em cada quarto. Suas mãos hábeis
limpam tudo com cuidado e esmero, e vão juntamente com sua mente criativa,
forjando a personalidade e a intimidade do hóspede que se foi.
Seu
esmero pela limpeza transcende a curiosidade, indo parar nos braços da
semi-loucura. Veste a roupas usadas, remexe cada detalhe, fala sozinha, assume
enfim várias identidades irreais, menos a sua própria.
Em
certo momento, somente a imaginação a partir dos destroços já não lhe é
suficiente, levando nossa protagonista a esconder-se debaixo da cama de um dos
quartos. E as páginas vão se abrindo a cada hóspede, e com eles a visão da
solidão, prostituição, alegria e da tristeza.
Lynn
não tem uma relação muito próxima com sua mãe e seu namorado, e parece feliz
em manter-se sempre muito distante de todos. Faz do mundo roubado dos hóspedes,
o seu próprio Universo. Até que a voz de uma prostituta chama sua atenção. Alucinada
pela voz aveludada e pela performa-se da mundana, Lynn rouba o cartão da prostituta e
paga pelo seu serviço carnal, quebrando a invisibilidade. Uma relação anônima, apenas
pela proximidade de sua neurose, da irrealidade que vive a cada semana embaixo
de cada vida intima. E as páginas vão intercalando a relação carnal da protagonista com
seus temores, que se materializa na prostituta e sua neurose...escutar o som de
outras vidas embaixo da cama do hotel.
O autor
consegue com brilhantismo, prender o leitor do começo ao fim da pequena
obra...impressionando pela quantidade de tramas filosóficas em tão poucas páginas.
Amei a obra desse promissor autor alemão e recomendo!
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