O
Mistério do Quarto Fechado. Provavelmente todos os autores
clássicos de romances policiais sentiram ao menos uma vez a tentação de
experimentar seus talentos nesse tema: um crime cometido em um quarto fechado
por dentro.
O tema é fascinante porque adiciona
novos enigmas ao tradicional whodunit (quem
matou): como o crime foi cometido? Como o criminoso conseguiu sair do quarto
deixando a porta trancada por dentro?
Não é à toa que tantos escritores
famosos tenham sido seduzidos por esse tema, que poderia representar o
supra-sumo do jogo intelectual criado para o leitor de romances policiais.
Conan Doyle e Agatha Christie, por exemplo. John Dickson Carr chegou a
especializar-se em mistérios do quarto fechado. A própria obra inaugural do
romance policial, “Os Crimes da Rua Morgue” de Allan Poe, é à sua maneira um
mistério do quarto fechado. Eu mesmo não resisti à tentação, e tasquei um crime
desses em meu romance “O Sincronicídio”.
Em “A Pista do Alfinete Novo”, a começar
pelo título, tudo gira em torno do mistério do quarto fechado. Edgar Wallace,
venho confirmando, é o escritor do mote.
Suas histórias giram em torno de uma idéia central, que chamei de mote, geralmente algum truque bolado
pelo escritor, seja a maneira de cometer um assassinato à distância em “Os
Quatro Homens Justos”, ou a forma de desaparecer debaixo dos narizes da polícia
em “O Sineiro”, ou mesmo a irresistível tentação de bolar uma solução original
para o mistério do quarto fechado,
como é o caso do presente livro.
Todo o resto da história é apenas pano
de fundo para a cena da dramática revelação do mote (daí esse título que inventei para E.W.), o que é feito com
variados graus de habilidade. Quando acerta a mão, Edgar Wallace é uma delícia.
Mas mesmo quando a receita desanda um pouco, continua gostoso de ler.
E de quebra, ainda fui surpreendido
muito agradavelmente por esse trecho totalmente inusitado:
As
igrejas e as seitas, as religiões de todas as espécies, são monopólios. Deus é
como a água que surge das montanhas e forma os arroios e os rios. Lá vão os
homens recolher a água em garrafas, alguns em detestáveis garrafas, outros em
belas garrafas, e depois as vendem dizendo: “Somente esta água aplacará sua
sede”. Mas frequentemente acontece que perderam já todas as suas boas
propriedades. O senhor pode beber melhor no côncavo das mãos, ajoelhado junto
do arroio. Aqui se engarrafa sem reparar em absoluto no conteúdo, mas com
meticuloso cuidado quanto à forma do recipiente! Sempre vou ao arroio.
Viva Edgar Wallace!
***///***
Aproveito para convidar você a conhecer o livro O SINCRONICÍDIO:
Booktrailler:
http://youtu.be/Umq25bFP1HI
Blog:
http://sincronicidio.blogspot.com/
***///***
MANIFESTO – Mensageiros do Vento
LEIA AGORA (porque não existe outro momento):
Nenhum comentário:
Postar um comentário