ANJOS DA DESOLAÇÃO - Jack Kerouac
Com titularidade original ‘Desolation
Angels’, a obra retirada das lembranças do autor, uma espécie de diário, pode
ser dividida em 2 partes bem diferentes, escritas em duas épocas distintas:
A primeira parte de titularidade 'A
desolação solitária', que aliás caracteriza muito bem o fim da experiência do
nosso autor, mostra um Kerouac solitário vivendo em plena natureza, sobre o
manto de um alter ego. Em sua busca por respostas e um sentido para sua vida,
em 1956 Keroauc isola-se como guarda florestal no monte Desolation
Peak em Washington, isolamento este por 2 meses, completamente sóbrio em contato
com pura natureza e com sua própria solidão, que deu linhas para a obra descrita.
O tédio, a abstinência, e a imensa reflexão
solitária que a filosofia natural é capaz, quase o levaram ao suicídio...alternando sua
voz literária entre a paz e o tédio. Longas linhas nos tocam
liricamente com a natureza, o espiritualismo a que sempre foi adepto, com o
puro ar das montanhas e com os animais a sua volta. Outras linhas falam da
melancolia, do tédio, da solidão, da falta de respostas...que sobrepujam o puro
homem em contato com a natureza e a espiritualidade. Essa parte da obra é tocante,
e mostra um Kerouac completamente solitário...um prisioneiro de sua solidão
incapaz de encontrar a paz.
Já a segunda parte escrita no
México em 1961 de titularidade ‘Passando’, nos demonstra um confronto com sua
volta ao mundo febril, sem respostas e envolto na libertinagem e bebedeiras, a que viveu quase
toda sua vida. Um Kerouac inquieto,
rodeado de amigos e feliz de passagem por muitos cantos, que encontra no mundo
a solidão entre as pessoas, porém não com a constância do isolamento.
Kerouac logo após a publicação e sucesso
de ‘On The Road’, atordoado e tendo sua identidade perdida com a fama começa um
novo projeto que já trabalhava desde 1951 ‘The Dharma Bums’ editado 1958, onde tenta
buscar sua alma no Budismo. Aliás li uma obra dele que adorei, de titularidade ‘Tristesse’,
onde Kerouac firma sua ligação com o budismo e carrega pelas páginas, além da
triste histórias de uma viciada em morfina, muitos ensinamentos budistas. Lindoooo!
Após sua experiência com ‘The Dharma
Burns’, isola-se em uma cabana sem luz, várias garrafas de bebida, e é abraçado
por alucinações incríveis que deu luz a sua obra seguinte ‘Big Sur’ editada em
1962. Seus isolamentos ficaram conhecidos e parece que a bebida era marca de
família...ahahah
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