sábado, 6 de abril de 2013


ANJOS DA DESOLAÇÃO -  Jack Kerouac



Com titularidade original ‘Desolation Angels’, a obra retirada das lembranças do autor, uma espécie de diário, pode ser dividida em 2 partes bem diferentes, escritas em duas épocas distintas:

A primeira parte de titularidade 'A desolação solitária', que aliás caracteriza muito bem o fim da experiência do nosso autor, mostra um Kerouac solitário vivendo em plena natureza, sobre o manto de um alter ego. Em sua busca por respostas e um sentido para sua vida, em 1956  Keroauc  isola-se como guarda florestal no monte Desolation Peak em Washington, isolamento este por 2 meses, completamente sóbrio em contato com pura natureza e com sua própria solidão,  que deu linhas para a obra descrita.  


O tédio, a abstinência, e a imensa reflexão solitária que a filosofia natural é capaz, quase o levaram ao suicídio...alternando sua voz literária entre a paz e o tédio. Longas linhas nos tocam liricamente com a natureza, o espiritualismo a que sempre foi adepto, com o puro ar das montanhas e com os animais a sua volta. Outras linhas falam da melancolia, do tédio, da solidão, da falta de respostas...que sobrepujam o puro homem em contato com a natureza e a espiritualidade. Essa parte da obra é tocante, e mostra um Kerouac completamente solitário...um prisioneiro de sua solidão incapaz de encontrar a paz.

Já a segunda parte escrita no México em 1961 de titularidade ‘Passando’, nos demonstra um confronto com sua volta ao mundo febril, sem respostas e envolto na  libertinagem e bebedeiras, a que viveu quase toda sua vida.  Um Kerouac inquieto, rodeado de amigos e feliz de passagem por muitos cantos, que encontra no mundo a solidão entre as pessoas, porém não com a constância do isolamento.

Kerouac logo após a publicação e sucesso de ‘On The Road’, atordoado e tendo sua identidade perdida com a fama começa um novo projeto que já trabalhava desde 1951 ‘The Dharma Bums’ editado 1958, onde tenta buscar sua alma no Budismo. Aliás li uma obra dele que adorei, de titularidade ‘Tristesse’, onde Kerouac firma sua ligação com o budismo e carrega pelas páginas, além da triste histórias de uma viciada em morfina, muitos ensinamentos budistas. Lindoooo!

Após sua experiência com ‘The Dharma Burns’, isola-se em uma cabana sem luz, várias garrafas de bebida, e é abraçado por alucinações incríveis que deu luz a sua obra seguinte ‘Big Sur’ editada em 1962. Seus isolamentos ficaram conhecidos e parece que a bebida era marca de família...ahahah 

  A família Kerouac: Jack, Nin, Gabrielle e Leo

Linda obra e eu adoreii !



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