Contam às
bibliografias, que das mais de 15 mil crianças presas nos campos de
concentração da Tchecoslováquia, apenas 100 conseguiram sobreviver. Essa obra é
um testemunho emocionante de uma dessas crianças sobrevivente do Holocausto, abraçada
ao olhar ingênuo e triste da pequena Helga Weiss.
As páginas se abrem
com relatos e desenhos, provocando em nós o mesmo asco e tristeza que os
grandes autores do tema já nos causaram.
Filha de uma família
de assalariados, a pequena Helga nos conta em forma de diário ilustrado por ela
mesma e com redação bem infantil, porém contundente e emocionante, a triste trajetória
dos Weiss, espelhando todos os judeus que viveram aquela tragédia em uma
terrível guerra desumana.
A obra começou a ser
escrita em 1938 em Praga, quando a cidade foi sitiada pelos alemães e os judeus
viraram os perseguidos..atrocidades, violências, bombardeios aéreos e
terrestres, prisões...escolas, moradias e empresas são invadidas e judeus são
marcados, identificados, feridos fisicamente e moralmente, e enfim levados a
campos de concentração, até o seu fim no ano de 1945.
Helga e sua família
são expulsas de sua casa e levados ao primeiro campo de concentração. Mãe e
filha são separadas do pai em alojamento feminino, e é lá que a pequena marca
no caderno diário o seu primeiro desenho...as páginas vão se enchendo de
sofrimento, marcando passo a passo de doloroso martírio dos judeus, pelos
diversos campos de extermínio a que passaram, inclusive Auschwitz.
Mengele é citado na
obra como o carrasco que escolhia os capazes trabalhadores e os que iam para as
câmeras de gás. Conta também que dormiam 3 pessoas em cada cama, passavam fome,
frio, sede e medo...O medo era tanto que chegavam a se lavar nos copos de café,
pois receavam que sobre o pretexto de um bom banho, fossem parar nas câmeras de
gás....triste né?
Os registros diários feitos
às escondidas em muitas folhas soltas, viraram o único alívio daquela pequena alma
martirizada e violentada por uma guerra suja. Helga cresceu e virou uma artista
plástica renomada, vivendo no mesmo apartamento de Praga em que viviam antes do
Holocausto. Revendo em 2010 aos 84 anos as ingênuas e tristes anotações, procurou
organizá-las, porém não mudar nada da sua essência...apenas acrescentar algumas
passagens que ficaram na memória, porém esquecidas no papel e fotos de família
esquecidas por mais de 60 anos.
A obra ainda nos brinda com uma entrevista incrível da autora, contando pormenores que nunca soubemos, os caminhos trilhados pela sua família no pós guerra, a restauração das suas vidas destroçadas, a recuperação de seu apartamento em Praga, mapas de localização dos campos e um pequeno glossário de palavras em alemão, que não conseguiram serem traduzidas, pela perda de sua força original.Segundo a autora, o mundo vive quase num paralelo com o holocausto...a guerra do poder, opressão, preconceito, racismo e violência ainda reinam no século XXI como em uma guerra, onde o ser humano parece não ter aprendido nada com a tragédia.
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