Palmas para vovó Dorothy, que ela
merece!!!
Espetacular!!!
Já li uma boa meia dúzia de livros de P.
D. James, com admiração crescente. E com esse livro experimentei essa sensação
tão ambígua para o leitor que segue com interesse a obra de algum autor. Com a
familiaridade crescente, deixamos de enxergar apenas o entretenimento que está
sendo oferecido, e começamos a perceber mais os bastidores do espetáculo. A
sensação é ambígua porque na mesma medida que cresce nossa capacidade de
enxergar a técnica e habilidade de um autor, perdemos a capacidade de apreciar
como se deve um bom romance policial.
Mas enfim! Não há perda sem ganho, e
versa-vice. Lendo esse livro compreendi melhor as objeções de amigos como Mad e
Raphael Montes à literatura de P. D. James, que muitas vezes parece se alongar
para bem além do foco central da história, que é o clássico e tão divertido
jogo whodunit (quem matou?).
Fui surpreendido muitas vezes durante a
leitura desse livro. Nem sempre as surpresas foram agradáveis, pois pareciam
contrariar aquelas regrinhas confortáveis (porque tão conhecidas) do romance
policial clássico. Aos poucos, porém, acredito que fui assimilando melhor as
intenções da autora, dentre elas certamente a proposta de quebrar alguns tabus
do gênero. Evidentemente nada posso comentar de mais específico, para não
estragar a surpresa de quem ainda não leu o livro.
Outra intenção evidente foi a mistura de
clichês apresentados de forma inusitada, recurso comum em escritores de sucesso
que precisam escrever um livro novo a cada ano. Os clichês mais ostensivos em
“Armadilhas e Desejos” (“Devices and Desires” no original) são: serial killer,
detetive em férias e MEGEPAINOS (a mensagem vai cifrada para não ser spoiler,
para bom entendedor meia palavra). Esses temas foram apresentados de forma a
fugir totalmente do clichê, com a habilidade e o bom gosto de uma lady inglesa.
Mergulhei na leitura de forma intensa e
praticamente exclusiva (quando geralmente o mínimo que leio é três livros de
cada vez). P. D. James vai muito além do mero jogo de detecção policial. Sua
construção de personagens é esplêndida! Todos muito vivos, muito reais, muito
ingleses. Suas motivações são profundas, miram mistérios mais cavernosos que o
jogo superficial de descobrir quem matou. E o jogo em si é impecável, qualquer
leitor será obrigado a reconhecer ao final da obra.
Dois belos insights:
1) A poesia de Adam Dalgliesh,
eventuamente mencionada mas nunca mostrada, nasceu talvez de uma ideia
interessantíssima: a poesia policial.
Seria possível?
2) O olhar de P. D. James, que por vezes
parece tão amargo, comporta um horizonte moral, uma função crítica da sociedade
que resgata sua prosa do nihilismo vazio.
Ainda uma palavra, novamente comparando
Dorothy e Agatha. P. D. James não pode ser maior que Agatha Christie, pois se
não houvesse A.C. não haveria P.D., que é a sua natural evolução. Mas por isso
mesmo é que a vovó Dorothy enxergou mais longe, pongada nos ombros de vovó
Agatha!
Romance policial também pode ser arte!
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MANIFESTO – Mensageiros do Vento
LEIA AGORA (porque não existe outro momento):
resenha incrível! Nunca li nada de PD james, mas fiquei curiosa!!!
ResponderExcluirPassando para desejar um ótimo dia!
Liz<3
The Red Lil' Shoes Blog
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oi Liz! valeu pelo comentário!
Excluirleia sim, que essa vovó Dorothy é poderosa!!!
:)
Olá, adorei o seu blog e gostaria de convidar vc a dar uma passadinha lá no meu blog, desde já muito obrigado por sua atenção.
ResponderExcluirdonskedar.blogspot.com.br
Valeu Donnefar! E parabéns pelo blog!!!
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