Fernando
Pessoa com sua lucidez sempre me enlouquece...adoro todos os heterônimos desse ortônimo...
Essa
fase Caeira de ser do autor, de visão ingênua, calmo, defensor do real sem
subjetivismo, com seu objetivismo visualista e absoluto, anti-intelectualista, onde
ver e ouvir são o que existe de mais importante, com seu ritmo manso e lento,
foi a grande renovação de Pessoa no começo de 1900. Foi classificado como o
lado moderno de Pessoa, e o menos culto com sua linguagem irreverente e seu
amor a civilização... e com certeza nascido sobre a vertente de Cesário Verde.
Dono
de discursos simples e diretos, oponente da ciência, da filosofia, do progresso
e defensor da sensação em todas as suas arestas, privilegia o nominalismo nessa
obra, declamando a Natureza de forma e tom autobiográfico, trazendo o prefácio
de outro heterônimo de Pessoa... Ricardo Reis, que descreve Caeiro num diálogo quase biográfico,
e dedica a obra ao poeta português Cesário Verde.
"Eu
não tenho filosofia: tenho sentido
Se
falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...”
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...”
Segundo a declaração do próprio autor, despido de heterônimos, ele
escreveu em pé (como gostava), mais de 30 poemas efusivos ao extremo,
encantados pela natureza e responsáveis pelo parto de um novo ser em si, que
foi batizado imediatamente pelo autor com o nome de Alberto Caeiro. Abre então
a obra com o Guardador de Rebanhos... com versos livres e linguagem pobre como
a natureza de Caeiro, mas que acompanha o ritmo de seu entusiasmo. Esse heterônimo refuta
toda tradição poética com sua estética regrada e fixa, ele elege a poesia em
estado natural e primitivo como companheira incondicional. Cada verso e palavra
nos remetem a uma sensação... bem como o queria o autor.
"Não me importo
com as rimas.
Raras vezes, há duas
árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como
as flores têm cor.”
Essa obra traz uma
coletânea, compondo-se de: O Guardador de Rebanhos, O Pastor Amoroso e Poemas
Inconjuntos. Adoro o bucolismo e a simplicidade de suas obras...
“Uma
vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão –
Porque não tinha que ser.” (trecho -Poemas Inconjuntos)
Mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão –
Porque não tinha que ser.” (trecho -Poemas Inconjuntos)
Não é lindo gente???
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