“O coração tem as suas razões, que a
razão desconhece.”
Pascal foi um grande homem, uma grande
alma. Célebre como matemático, também foi um criativo inventor. Mas foi
sobretudo por essa obra incompleta, por seus “Pensamentos”, que ele é lembrado
até hoje com admiração e gratidão.
Pascal ambicionava escrever a obra
definitiva sobre o cristianismo, demonstrando sem sombra de dúvidas a verdade
do Cristo. Como ele mesmo conta, pediu a Deus dez anos de saúde para que
pudesse concluir a obra (sua saúde era frágil desde a juventude), mas Deus só
lhe concedeu quatro anos de enfermidade... assim, o que seria a sua obra magna
ficou reduzida a milhares de fragmentos anotados em papéis diversos, que foram
organizados pelos amigos e admiradores do grande pensador.
Por esse motivo mesmo, trata-se de uma
leitura desigual, fragmentária e muitas vezes contraditória. Ainda assim, que
magnanimidade!!! Magnânimo significa ter a anima (alma) grande, e qualquer
leitor sensível terá a plena certeza de estar diante dos pensamentos de um
Mahatma (grande alma)!
Tive um aproveitamento maior da primeira
metade do livro, que traz reflexões de tirar o fôlego (reproduzo a seguir
alguns dos trechos mais marcantes). A segunda metade, que está focada mais
propriamente no debate a respeito da supremacia do cristianismo, para mim não
foi tão proveitosa, a não ser como aprendizado histórico, pois mostra o quanto
Pascal também foi um homem de seu tempo.
Filosoficamente, mais uma vez constato a
superioridade da filosofia Sankhya, diante de todas as filosofias ocidentais
que pude estudar. Quanta energia mental não foi gasta em debates estéreis, que
teriam sido esclarecidos enormemente caso os grandes pensadores ocidentais
tivessem acesso a um pouco que fosse desse grande manancial de sabedoria, que
cada vez mais venero como um tesouro supremo.
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Conheça O SINCRONICÍDIO:
http://youtu.be/Vr9Ez7fZMVA
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MANIFESTO – Mensageiros do Vento
LEIA AGORA (porque não existe outro momento):
Citações
“Zombar da filosofia é, em verdade,
filosofar.”
“Não é em Montaigne, mas em mim mesmo,
que encontro tudo o que nele vejo.”
“Não posso perdoar a Descartes. Muito
gostaria ele, em toda a sua filosofia, de poder dispensar Deus. Mas não teve
outro remédio senão fazer com que ele desse um piparote para pôr o mundo em
movimento; feito isso, não necessita mais de Deus.”
“Os hábeis pela imaginação desfrutam
prazeres interiores que os prudentes não podem alcançar.”
“A imaginação aumenta os objetos
pequenos até encher com eles a nossa alma, por uma estimação fantástica; e, por
uma temerária insolência, diminui os grandes até reduzi-los à sua medida, como
ao falar de Deus.” (Cf. Cioran: “Falar de Deus é olhá-lo do alto.”)
“Quando vemos um efeito reproduzir-se
sempre igual a si mesmo, concluímos por uma lei natural, como que o sol nascerá
amanhã etc. Mas não raro a natureza nos desmente e não se sujeita às suas
próprias regras.” (a essência da filosofia de Hume foi antecipada nessa única
frase!)
“A coisa mais importante da vida é a
escolha da profissão: o acaso a determina.”
“É, sem dúvida, um mal ser cheio de
defeitos; mas é um mal ainda maior ser cheio deles e não querer reconhecê-los,
pois isso lhes vem acrescentar o da ilusão voluntária. Não queremos que os
outros nos enganem; não nos parece justo que pretendam ser estimados por nós
mais do que o merecem: logo, não é justo, tampouco, que os enganemos e
pretendamos que nos estimem mais do que merecemos.”
“Não só contemplamos as coisas por
outras faces, mas também com outros olhos: como achá-las iguais?”
“Com pouco nos consolamos, porque pouco
basta para nos afligir.”
“Descobri que todas as desgraças dos
homens provêm de uma só coisa, que é o não saberem ficar sossegados num
aposento.” (por sincronicidade li há pouco tempo essa frase em um conto do
Rubem Fonseca!)
“A curiosidade não é mais que vaidade. A
mais das vezes, só queremos saber para falar a respeito.”
“Porque a fé cristã se limita, por assim
dizer, a mostrar estas duas coisas: a corrupção da natureza e a redenção de
Jesus Cristo.”
“Imagine-se um certo número de homens
acorrentados e todos condenados à morte. Todos os dias, alguns deles são
degolados à vista dos outros, e os que restam vêem a sua própria condição e a
de seus companheiros e, olhando-se uns aos outros com angústia e desespero,
aguardam a sua vez. Essa é a imagem da condição humana.”
“Julgais impossível que Deus seja
infinito, não composto de partes? – Sim. – Vou, então, fazer-vos ver uma coisa
infinita e indivisível. É um ponto que se move por toda parte com uma
velocidade infinita; pois ele é um em todos os lugares e está todo inteiro em
cada lugar.” (Muito me surpreendeu ler esse pensamento, pois é uma imagem muito
íntima que faço de Deus!)
“Nossa alma é lançada no corpo, onde
encontra número, tempo, dimensões.” (outra ponte inusitada, pois encontrei
quase o mesmo pensamento expresso em “A Ciência Sagrada” de Swami Sri
Yukteswar!)
“A razão procede com vagar, e com tantas
considerações sobre tantos princípios, que lhe devem estar presentes, que a todo
momento cabeceia com sono ou se extravia por não ter presentes todos os seus
princípios. Os processos do sentimento são outros: ele age num instante e está
sempre pronto para agir. Logo, é preciso colocar a nossa fé no sentimento, pois
de outro modo ela será sempre vacilante.”
“O último passo dado pela razão é
reconhecer que há uma infinidade de coisas que a ultrapassam; bem fraca é ela
se não chega a perceber isso.”
“O coração tem as suas razões, que a
razão desconhece.”
“O homem não é anjo nem animal e, por
desgraça, quem quer fazer o papel de anjo faz o papel de animal.”
“De sorte que, como a metade de
nossa vida se passa no sono, onde nós
próprios reconhecemos que não temos nenhuma ideia do verdadeiro, e tudo que
sentimos não é mais que ilusão, quem sabe se essa outra metade da vida em que
pensamos estar acordados não é um outro sono um pouco diferente do primeiro, e
do qual despertamos quando julgamos dormir?”
“O que o mundo deixa transparecer não
marca nem uma exclusão total, nem uma presença manifesta de divindade, mas a
presença de um Deus que se esconde. Tudo tem esse cunho.”
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