domingo, 11 de agosto de 2013

PENSAMENTOS – Blaise Pascal

 

“O coração tem as suas razões, que a razão desconhece.”

Pascal foi um grande homem, uma grande alma. Célebre como matemático, também foi um criativo inventor. Mas foi sobretudo por essa obra incompleta, por seus “Pensamentos”, que ele é lembrado até hoje com admiração e gratidão.

Pascal ambicionava escrever a obra definitiva sobre o cristianismo, demonstrando sem sombra de dúvidas a verdade do Cristo. Como ele mesmo conta, pediu a Deus dez anos de saúde para que pudesse concluir a obra (sua saúde era frágil desde a juventude), mas Deus só lhe concedeu quatro anos de enfermidade... assim, o que seria a sua obra magna ficou reduzida a milhares de fragmentos anotados em papéis diversos, que foram organizados pelos amigos e admiradores do grande pensador.

Por esse motivo mesmo, trata-se de uma leitura desigual, fragmentária e muitas vezes contraditória. Ainda assim, que magnanimidade!!! Magnânimo significa ter a anima (alma) grande, e qualquer leitor sensível terá a plena certeza de estar diante dos pensamentos de um Mahatma (grande alma)!

Tive um aproveitamento maior da primeira metade do livro, que traz reflexões de tirar o fôlego (reproduzo a seguir alguns dos trechos mais marcantes). A segunda metade, que está focada mais propriamente no debate a respeito da supremacia do cristianismo, para mim não foi tão proveitosa, a não ser como aprendizado histórico, pois mostra o quanto Pascal também foi um homem de seu tempo.

Filosoficamente, mais uma vez constato a superioridade da filosofia Sankhya, diante de todas as filosofias ocidentais que pude estudar. Quanta energia mental não foi gasta em debates estéreis, que teriam sido esclarecidos enormemente caso os grandes pensadores ocidentais tivessem acesso a um pouco que fosse desse grande manancial de sabedoria, que cada vez mais venero como um tesouro supremo.


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Conheça O SINCRONICÍDIO:

http://youtu.be/Vr9Ez7fZMVA
 
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MANIFESTO – Mensageiros do Vento
LEIA AGORA (porque não existe outro momento):



Citações



“Zombar da filosofia é, em verdade, filosofar.”


“Não é em Montaigne, mas em mim mesmo, que encontro tudo o que nele vejo.”

“Não posso perdoar a Descartes. Muito gostaria ele, em toda a sua filosofia, de poder dispensar Deus. Mas não teve outro remédio senão fazer com que ele desse um piparote para pôr o mundo em movimento; feito isso, não necessita mais de Deus.”

“Os hábeis pela imaginação desfrutam prazeres interiores que os prudentes não podem alcançar.”

“A imaginação aumenta os objetos pequenos até encher com eles a nossa alma, por uma estimação fantástica; e, por uma temerária insolência, diminui os grandes até reduzi-los à sua medida, como ao falar de Deus.” (Cf. Cioran: “Falar de Deus é olhá-lo do alto.”)

“Quando vemos um efeito reproduzir-se sempre igual a si mesmo, concluímos por uma lei natural, como que o sol nascerá amanhã etc. Mas não raro a natureza nos desmente e não se sujeita às suas próprias regras.” (a essência da filosofia de Hume foi antecipada nessa única frase!)

“A coisa mais importante da vida é a escolha da profissão: o acaso a determina.”

“É, sem dúvida, um mal ser cheio de defeitos; mas é um mal ainda maior ser cheio deles e não querer reconhecê-los, pois isso lhes vem acrescentar o da ilusão voluntária. Não queremos que os outros nos enganem; não nos parece justo que pretendam ser estimados por nós mais do que o merecem: logo, não é justo, tampouco, que os enganemos e pretendamos que nos estimem mais do que merecemos.”

“Não só contemplamos as coisas por outras faces, mas também com outros olhos: como achá-las iguais?”

“Com pouco nos consolamos, porque pouco basta para nos afligir.”

“Descobri que todas as desgraças dos homens provêm de uma só coisa, que é o não saberem ficar sossegados num aposento.” (por sincronicidade li há pouco tempo essa frase em um conto do Rubem Fonseca!)

“A curiosidade não é mais que vaidade. A mais das vezes, só queremos saber para falar a respeito.”

“Porque a fé cristã se limita, por assim dizer, a mostrar estas duas coisas: a corrupção da natureza e a redenção de Jesus Cristo.”

“Imagine-se um certo número de homens acorrentados e todos condenados à morte. Todos os dias, alguns deles são degolados à vista dos outros, e os que restam vêem a sua própria condição e a de seus companheiros e, olhando-se uns aos outros com angústia e desespero, aguardam a sua vez. Essa é a imagem da condição humana.”

“Julgais impossível que Deus seja infinito, não composto de partes? – Sim. – Vou, então, fazer-vos ver uma coisa infinita e indivisível. É um ponto que se move por toda parte com uma velocidade infinita; pois ele é um em todos os lugares e está todo inteiro em cada lugar.” (Muito me surpreendeu ler esse pensamento, pois é uma imagem muito íntima que faço de Deus!)

“Nossa alma é lançada no corpo, onde encontra número, tempo, dimensões.” (outra ponte inusitada, pois encontrei quase o mesmo pensamento expresso em “A Ciência Sagrada” de Swami Sri Yukteswar!)

“A razão procede com vagar, e com tantas considerações sobre tantos princípios, que lhe devem estar presentes, que a todo momento cabeceia com sono ou se extravia por não ter presentes todos os seus princípios. Os processos do sentimento são outros: ele age num instante e está sempre pronto para agir. Logo, é preciso colocar a nossa fé no sentimento, pois de outro modo ela será sempre vacilante.”

“O último passo dado pela razão é reconhecer que há uma infinidade de coisas que a ultrapassam; bem fraca é ela se não chega a perceber isso.”

“O coração tem as suas razões, que a razão desconhece.”

“O homem não é anjo nem animal e, por desgraça, quem quer fazer o papel de anjo faz o papel de animal.”

“De sorte que, como a metade de nossa  vida se passa no sono, onde nós próprios reconhecemos que não temos nenhuma ideia do verdadeiro, e tudo que sentimos não é mais que ilusão, quem sabe se essa outra metade da vida em que pensamos estar acordados não é um outro sono um pouco diferente do primeiro, e do qual despertamos quando julgamos dormir?”

“O que o mundo deixa transparecer não marca nem uma exclusão total, nem uma presença manifesta de divindade, mas a presença de um Deus que se esconde. Tudo tem esse cunho.”


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