O atrativo maior da obra é o retrato
vívido do cotidiano de uma delegacia policial. Competência para falar do
assunto o autor tem de sobra, pois foi policial durante trinta anos.
Mas o que é que torna o dia-a-dia de um
policial tão interessante?
Penso que é porque o policial vive na
fronteira entre o bem e o mal. Para combater o mal, no entanto, é preciso
investigá-lo, conhecê-lo a fundo, compreendê-lo. Só que nesse mesmo processo
investigativo essa fronteira que o policial existe para defender vai revelando
o seu caráter ilusório, fictício. O bem e o mal não passam de contos de fada em
um mundo regido pelo dinheiro. O policial é o cão de guarda dos ricos e
poderosos, mas precisa fingir a cada dia que defende a lei e a justiça. Para
alguns policiais, esse conflito não representa problema: tornam-se piores que
os piores criminosos. Para outros, restam o alcoolismo e o cinismo crônico.
Essas divagações surgiram do que percebi
de comum entre William J. Caunitz e Joseph Wambaugh, outro autor de romances
policiais que também foi policial antes de virar escritor. O mesmo caso do
brasileiro Rubem Fonseca.
Comparações, inevitáveis: leia sobretudo
Fonseca! Mas não desperdice uma oportunidade de ler Wambaugh. Quanto a Caunitz,
sobrando tempo, é bom passatempo. Mas fica claro que ele, ao contrário dos
outros dois, é bem mais policial que escritor.
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MANIFESTO – Mensageiros do Vento
LEIA AGORA (porque não existe outro momento):
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