Por
uma dessas estranhas inibições, até hoje não vi o filme inspirado nesse livro,
que emocionou tanta gente. É que, por isso mesmo, foi tanta gente me dizendo
que eu precisava ver o filme, que por algum secreto mecanismo de reação
contrária fui sempre deixando para depois, e acabei deixando para lá.
Ao
ser presenteado com não apenas um, mas dois exemplares do célebre livro de Antonio
Skármeta (que antes do filme era intitulado “Ardente Paciência”, a partir de um
verso de Rimbaud), percebi a Sincronicidade sinalizando que era hora de lê-lo.
A
história do carteiro Mário Jimenez é contada de forma singela e tocante, combinando
muito bem lirismo e humor. Em uma página você pode estar enxugando uma lágrima
de emoção, e na página seguinte pode estar soltando uma gostosa gargalhada. Em
seus melhores momentos, a prosa evoca um pouco a de García Márquez em seus
melhores momentos – o que não é pouca coisa!!!
Como
pano de fundo, trechos biográficos do grande poeta chileno Pablo Neruda e
também um pouco da história do Chile durante a transição do governo de Salvador
Allende para a ditadura de Augusto Pinochet conferem profundidade e peso
dramático à narrativa.
Mas
o mérito maior de “O Carteiro e o Poeta” é abrir, com a chave encantada da
metáfora, um portal para o reino mágico da Poesia. Não tem como não se sentir
ao menos um pouco poeta ao ler esse livro. Afinal, como disse o Poeta, só é
possível ler poesia tornando-se poeta. E enxergar o mundo com olhos de Poesia é
uma das curas mais lindas para boa parte dos sinistros problemas que tanto nos
afligem nos dias de hoje. Viva a Poesia!
\\\***///
MANIFESTO – Mensageiros
do Vento
Um
experimento literário realizado com muita autenticidade e ousadia. A ideia é
apresentar um diálogo contínuo, não de diversos personagens entre si, mas entre
as diversas vozes de um coral e o leitor. Seguir a pista do fluxo da
consciência e levá-la a um surpreendente ritmo da consciência. A meta desse
livro é gerar ondas, movimento e transformação na cabeça do leitor. Clarice
Lispector, Ferreira Gullar, James Joyce e Virginia Woolf, entre outros, são
grandes influências. Por demonstrarem que a literatura pode ser vista como uma
caixa fechada, e que um dos papéis mais essenciais do escritor é, de dentro da caixa,
testar os limites das paredes... Agora imagine esse livro escrito por uma banda
de rock! É o que encontramos no livro MANIFESTO – Mensageiros do Vento,
disponível aqui. Leia e descubra por si mesmo!
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5823590
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