quarta-feira, 29 de novembro de 2017

A CASA DE BERNARDA ALBA / YERMA / D. ROSITA, A SOLTEIRA – Federico Garcia Lorca


É sempre muito interessante ler uma peça de teatro, pois a imaginação do leitor é ativada de forma diferente da que acontece na leitura de um romance, por exemplo. É que o romance é uma parceria direta entre autor e leitor, enquanto que a peça de teatro é uma obra mais coletiva, onde interagem o diretor, os atores, o cenógrafo, o iluminador, o figurinista, o responsável pela trilha sonora etc. Assim, o texto de uma peça geralmente contém muito menos informações para “direcionar” a imaginação do leitor, que assim tem a oportunidade de preencher por conta própria todos esses espaços vazios que na encenação da peça correspondem à contribuição coletiva mencionada acima.

Esse exercício imaginativo fica muito mais interessante quando o texto tem a carga dramática e poética de um Federico Garcia Lorca, e ainda mais quando sabemos que a versão em português foi traduzida por poetas do quilate de Cecília Meireles em “Yerma” e Carlos Drummond de Andrade em “D. Rosita”. O texto mais célebre e provavelmente a obra-prima de Lorca, “A Casa de Bernarda Alba”, tem a curiosidade extra de ter sido traduzido pelo filho de outro grande poeta, Alphonsus de Guimaraens Filho.

As três peças tratam essencialmente do Feminino, sempre do ponto de vista do conflito entre o Individual e o Social, ou seja, falam de mulheres que buscam se reconhecer e se expressar em um mundo masculino que lhes impõe de fora uma Feminilidade com a qual elas podem ou não se identificar. Talvez, melhor dizendo, a Musa de Lorca cante a Feminilidade frustrada. De forma bem resumida e esquemática, “Yerma” tem como tema a maternidade frustrada, enquanto “D. Rosita” fala do matrimônio frustrado e “Bernarda Alba” trata da sexualidade frustrada. Tudo sempre com uma vívida carga dramática, onde nada sobra e tudo é essencial. Tudo é poesia trágica em Lorca.

Sou muito grato pela oportunidade de conhecer um pouco da obra desse grande autor, graças ao querido amigo e professor Carlinhos Santos da Silva, que me presenteou com o livro. E que já tratei de passar adiante, tão logo acabei de ler. Afinal livro na estante não serve para nada: não passa de uma pobre árvore desperdiçada! Livro vivo é livro que está sendo lido, e que depois de ler a gente passa para algum amigo, ou mesmo desconhecido!



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MANIFESTO – Mensageiros do Vento

Um experimento literário realizado com muita autenticidade e ousadia. A ideia é apresentar um diálogo contínuo, não de diversos personagens entre si, mas entre as diversas vozes de um coral e o leitor. Seguir a pista do fluxo da consciência e levá-la a um surpreendente ritmo da consciência. A meta desse livro é gerar ondas, movimento e transformação na cabeça do leitor. Clarice Lispector, Ferreira Gullar, James Joyce e Virginia Woolf, entre outros, são grandes influências. Por demonstrarem que a literatura pode ser vista como uma caixa fechada, e que um dos papéis mais essenciais do escritor é, de dentro da caixa, testar os limites das paredes... Agora imagine esse livro escrito por uma banda de rock! É o que encontramos no livro MANIFESTO – Mensageiros do Vento, disponível aqui. Leia e descubra por si mesmo!
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5823590

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