Quando
li este livro pela segunda vez, comparei a leitura a ouvir um maravilhoso disco
de música que dá vontade de ouvir novamente desde o começo assim que acaba, e
outra vez e outra vez...
Talvez
por essa analogia, quando “O Profeta” surgiu novamente para mim, senti
imediatamente o desejo de transformar a experiência da leitura em uma música.
Enquanto estava mergulhado no livro, percebi que esse foi um artifício muito
útil para me fazer aprofundar a leitura, relendo várias vezes cada trecho, buscando
transformar essa passagem ou aquela em versos rimados. Só por isso já valeu a
ideia!
Mas
o melhor é que a música acabou saindo! Não ficou como eu havia imaginado a
princípio, uma transposição literal da essência do livro para uma letra de
música, mas acabou se transformando em algo que achei até mais interessante:
uma música sobre a minha experiência de leitura e interpretação íntima e pessoal
de “O Profeta”.
Eis
a letra, que foi lindamente musicada por meu amado irmão e parceiro de todas as
horas, Fabrício Barretto:
O PROFETA
Quem
é que pode se despedir sem tristeza
De
sua própria amargura e solidão?
Quem
é que pode se encantar com a beleza
Que
já não esteja segura em seu coração?
Quem
é que pode se jogar na incerteza
Sem
perder a ternura?
Quem
é que pode?
Quem
é que pode?
Assim
falou o Profeta
Assim
falou o Profeta
Assim
falou
Quem
é que sabe ser uma flauta serena
Onde
o murmúrio da vida entoe a sua canção?
Quem
é que sabe ser uma gota pequena
No
grande mar protegida de sua extinção?
Quem
é que sabe ter um papel nesta cena
E
outro logo em seguida?
Quem
é que sabe?
Quem
é que sabe?
Assim
falou o Profeta
Assim
falou o Profeta
Assim
falou
Quem
é que chega, despindo o próprio ego,
A
uma nudez tão completa que é revelação?
Quem
é que chega, com um total desapego,
A
ser o arco e a seta de seu próprio não?
Quem
é que chega em uma terra de cego
A
se tornar um profeta?
Quem
é que chega?
Quem
é que chega?
Assim
falou o Profeta
Assim
falou o Profeta
Assim
falou
\\\***///
MANIFESTO – Mensageiros
do Vento
Um
experimento literário realizado com muita autenticidade e ousadia. A ideia é
apresentar um diálogo contínuo, não de diversos personagens entre si, mas entre
as diversas vozes de um coral e o leitor. Seguir a pista do fluxo da consciência
e levá-la a um surpreendente ritmo da consciência. A meta desse livro é gerar
ondas, movimento e transformação na cabeça do leitor. Clarice Lispector,
Ferreira Gullar, James Joyce e Virginia Woolf, entre outros, são grandes
influências. Por demonstrarem que a literatura pode ser vista como uma caixa
fechada, e que um dos papéis mais essenciais do escritor é, de dentro da caixa,
testar os limites das paredes... Agora imagine esse livro escrito por uma banda
de rock! É o que encontramos no livro MANIFESTO – Mensageiros do Vento,
disponível aqui. Leia e descubra por si mesmo!
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5823590
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