quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

1Q84 – Haruki Murakami


Desde que li o autobiográfico “Do Que Eu Falo Quando Eu Falo De Corrida”, presenteado pela querida amiga Bia Machado no ano passado, fiquei curiosíssimo para ler alguma obra ficcional de Murakami. Por isso foi de uma escandalosa abundância o Universo ter me presenteado, através do querido amigo Carlinhos Santos da Silva, justamente com a mais aclamada ficção de Murakami, “1Q84”.

Não se trata de uma trilogia, mas de uma única história, com cerca de 1.000 páginas, dividida em três volumes. Li os dois primeiros volumes com atenção quase que exclusiva (coisa rara para mim, que geralmente leio três livros ao mesmo tempo). Acabei ficando um pouco cansado do estilo, e intercalei com “São Bernardo” de Graciliano Ramos, que curiosamente é o mais perfeito oposto que posso imaginar para “1Q84”. E agora por fim termino a leitura do terceiro volume, com muita gratidão por essa leitura e a sensação de que é muito difícil definir ou delimitar a obra de Murakami.

A história de “1Q84”, ao meu ver, é uma típica história japonesa de amor, bem no estilo de “Musashi” de Eiji Yoshikawa, com muitos desencontros e frustrações. A originalidade de Murakami é situar o romance de Aomame e Tengo no mundo paralelo de 1Q84, onde existem duas luas no céu e um Povo Pequenino usa e abusa da magia em rituais secretos. Então existe um toque de suspense, de ficção científica (ou realismo fantástico) e até um sutil senso de humor.

Não gostei muito das contínuas repetições, bem ao gosto dos mangás e animes (mas que não me parece ser uma característica da literatura japonesa em si, pois o já citado “Musashi”, cujas mais de 1.700 páginas li duas vezes com grande entusiasmo, não incorre nesse tipo de repetição, apesar de ter sido publicado originalmente como folhetim). Em alguns trechos achei a prosa bem nefelibata, e se não soubesse se tratar de um autor consagrado, teria considerado como erros decorrentes de inexperiência. Mas como foi Murakami que escreveu, talvez eu é que não tenha captado a mensagem.

Por outro lado, gostei imensamente do rico universo imaginário do autor, principalmente quando comecei a lê-lo como se fosse poesia, e não prosa: foi como se uma porta secreta se abrisse e revelasse (não por acaso) novos mundos. E Murakami também tem algumas frases que fazem a gente refletir e crescer, como por exemplo:

“Um escritor só se aperfeiçoa com o ato contínuo de escrever.”
*
“O corpo é um santuário (...) independentemente do que se cultue nele”.
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“As pessoas que não sabem pensar são justamente as que não sabem escutar o que os outros têm a dizer.”
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“Se você fizer algo incomum, não importa o que seja, alguém sempre vai ficar bravo.”


Gratidão!


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MANIFESTO – Mensageiros do Vento

Um experimento literário realizado com muita autenticidade e ousadia. A ideia é apresentar um diálogo contínuo, não de diversos personagens entre si, mas entre as diversas vozes de um coral e o leitor. Seguir a pista do fluxo da consciência e levá-la a um surpreendente ritmo da consciência. A meta desse livro é gerar ondas, movimento e transformação na cabeça do leitor. Clarice Lispector, Ferreira Gullar, James Joyce e Virginia Woolf, entre outros, são grandes influências. Por demonstrarem que a literatura pode ser vista como uma caixa fechada, e que um dos papéis mais essenciais do escritor é, de dentro da caixa, testar os limites das paredes... Agora imagine esse livro escrito por uma banda de rock! É o que encontramos no livro MANIFESTO – Mensageiros do Vento, disponível aqui. Leia e descubra por si mesmo!
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