terça-feira, 6 de março de 2018

CARTAS NA MESA – Agatha Christie



Isso já aconteceu um montão de vezes: me deparo com um livro de Agatha Christie que sei que já li, mas não consigo lembrar da trama (nem da solução do mistério), então leio novamente, e me divirto um bocado pela segunda (ou terceira) vez!

Com a exceção de suas obras mais geniais e espetaculares, que possuem uma trama única e muito difícil de esquecer (colocaria nessa lista “O Assassinato de Roger Ackroyd”, “O Caso dos Dez Negrinhos” – atual “E Não Sobrou Nenhum”, “A Casa Torta” e “Assassinato no Expresso Oriente” como meu Top 5), nos outros livros de Agatha ocorre justamente o contrário: por mais que goste da leitura e me divirta com o mistério, fica muito fácil esquecer a trama depois de algum tempo e, principalmente, depois de ter lido vários outros livros semelhantes. Como normalmente minha memória é muito boa para livros, creio que se trate mais de uma característica dos livros policiais (especialmente do tipo “whodunit?”) que uma deficiência mnemônica minha.

Contudo essa releitura de “Cartas na Mesa” foi marcada por outra característica de Agatha Christie que continuo esquecendo: o racismo. Três passagens do livro trazem um racismo tão horroroso quanto gratuito, pois nada têm a ver com a trama. Seria possível argumentar que o racismo não é da autora, mas dos personagens, mas a coisa é tão injustificavelmente gratuita, volto a dizer, que não há defesa possível, a não ser a época e o contexto em que o livro foi escrito. Ainda assim, cada trecho infestado de racismo foi como um tapa na cara, que reduziu enormemente a minha alegria em ler o livro.

Como tudo na vida é relativo, o que foi motivo de tristeza também pode ser de alegria, pois que bom perceber que a consciência coletiva está hoje tão mais atenta para questões como racismo, sexismo, homofobia etc. Ao refletir sobre “Cartas na Mesa”, acabei lembrando do programa dos Trapalhões, que marcou minha infância, e que nos dias de hoje seria simplesmente impensável, pois é um tipo de humor totalmente baseado no preconceito racial e de gênero. Que bom que no decurso de minha curta vida pude testemunhar tantas mudanças no mundo!

Voltando a Agatha e o racismo, fiquei curioso para ver o que se diz a respeito na Internet. Achei mais curioso ainda ter encontrado alguns artigos que retratam exatamente o que senti, escritos em inglês:

Nos artigos escritos no Brasil que visitei, contudo, a posição é oposta, de crítica ao que é considerado uma censura estúpida em nome do politicamente correto:

Vivemos tempos interessantes, sem dúvida! Ninguém pode se queixar de tédio...

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“– Deve ser maravilhoso simplesmente sentar e escrever um livro inteiro.
– Não é bem assim que acontece – retrucou Mrs. Oliver. – A gente realmente tem que pensar, sabe? E pensar é sempre maçante. E é preciso planejar as coisas. E depois, de vez em quando, a gente se mete num beco sem saída que parece que nunca mais tem fim... mas tem! Escrever não é especialmente divertido. É um trabalho duro como qualquer outro.”


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A MARCA – Fabio Shiva

Um intrigante conto de mistério e assassinato que tem como pano de fundo a saga dos Anunnaki... “A MARCA” foi originalmente publicada em “REDRUM – Contos de Crime e Morte” (Caligo Editora, 2014), sendo um dos sete contos selecionados para a antologia. Em 2016 a história foi republicada no livro duplo de contos “Labirinto Circular / Isso Tudo É Muito Raro”, de Fabio Shiva (Cogito Editora). E agora está disponível aqui. Boa leitura!
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5825862

 

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