Graças
ao querido amigo Marcos Lima pude ler esta célebre obra, que consta como um dos
livros mais vendidos de todos os tempos.
Não
é para menos. Stephen Hawking, certamente o cientista mais respeitado da
atualidade, é também uma figura icônica e extremamente carismática, um dos
ídolos de nossa cultura pop. É muito instigante a imagem do poderoso cérebro
aprisionado em um corpo praticamente incapaz de movimento. Contudo Hawking é
muito mais que isso. Ele realmente fez jus à fama, e um dos pontos mais
fascinantes do livro é a maneira como sua biografia está intimamente ligada ao
desenvolvimento das principais teorias da física no século XX.
O
texto é escrito com muita habilidade, abordando de forma simples e
aparentemente acessível as mais complexas nuances da física moderna. Digo “aparentemente”
simples porque eu, pelo menos, não posso me gabar de ter realmente compreendido
abstrações como a do “tempo imaginário”, que é o tempo medido com números
imaginários, que por sua vez são números que ao serem multiplicados por si
mesmos resultam negativos...
Só
que Stephen Hawking transita por esses assuntos com tanta facilidade que acaba
nos convencendo que é fácil mesmo! Mesmo se não compreendemos tudo, entendemos
o suficiente para acompanhar o essencial do raciocínio do autor, em uma
vertiginosa narrativa que remonta a bilhões de anos e a milhões de milhões de
galáxias...
E
aí é que mora o perigo desse livro, em minha opinião. Pois Stephen Hawking é
ateu, e deixa seu ponto de vista bastante evidente ao longo do livro. Então ele
pode acabar induzindo um leitor menos atento a acreditar que a única maneira de
se fazer ciência seja partindo do princípio de que Deus não existe. O que não é
correto, em absoluto. Negar a existência de Deus é uma mera opinião, uma
questão de crença, e não uma exigência da metodologia científica. Quando
percebemos isso, ficamos abismados com o quanto de dogma existe na ciência da
atualidade. E não podemos deixar de questionar: que mundo teríamos hoje se, ao
invés de partir do pressuposto de que Deus não existe, a ciência fosse
construída a partir da afirmação da existência de Deus? Penso que teríamos uma ciência
e uma sociedade mais éticas, com menos pesquisas sobre armas e substâncias
poluentes e mais pesquisas sobre como aumentar a felicidade de todos os seres
no planeta.
Por
sincronicidade, tive uma confirmação desse “perigo” recentemente: eu havia
feito uma postagem sobre o Amor ser a força mais poderosa do Universo, daí
chegou um rapaz dizendo que a maior força do Universo são a gravitação e os
buracos negros. Uma afirmação incorreta, arrogante e, desconfio, influenciada
pela leitura equivocada desse mesmo livro que eu estava lendo. Por isso sugiro
enfaticamente a leitura de obras como “A Janela Visionária” de Amit Goswami, “O
Tao da Física” de Fritjof Capra e “Você é o Universo” de Deepak Chopra e Menas Kafatos,
para se ter uma visão de como a ciência pode – e deveria – caminhar junto com a
espiritualidade.
O
grande engano do ateu, em minha opinião, é perceber falhas nos dogmas de uma
religião específica e considerar que essa religião tenha dito tudo o que se
pode dizer a respeito de Deus. Penso que a ciência e a espiritualidade
caminhando juntas inevitavelmente esclarecerão os erros de parte a parte, de um
lado mostrando como o Deus concebido por qualquer sistema religioso da Terra é ridiculamente
pequeno, quando confrontado com a vastidão do Universo e, de outro, tornando
evidente como a própria vastidão do Universo é evidência escandalosa da
Consciência por trás de tudo.
Minha
grande motivação para ler esse livro foi justamente tentar descobrir como um
cientista tão genial quanto Stephen Hawking podia ser ateu. Acabei descobrindo
muito mais pistas a esse respeito do que esperava. Fica muito claro que Hawking
considera a concepção de Deus pela Igreja Católica como única e suficiente para
sua refutação da existência Dele. A ponto de cometer uma indelicadeza ao narrar
uma trollada que ele deu no papa, trecho
dispensável e provocativo em que Hawking desliza de sua habitual elegância. O
motivo dessa birra fica nítido quando o autor declara sua grande afinidade com
Galileu, que foi muito perseguido por essa mesmíssima Igreja.
Por
sincronicidade (outra!) estou atualmente relendo “Quem Tem Medo da Ciência?”,
de Isabelle Stengers, que denuncia as “operações de captura” utilizadas pela
ciência e que, no fundo, nada têm de científicas. Numa tradução livre para o
baianês, essas “operações de captura” seriam algo como “armengues” ou “gambiarras”,
mas que não são reconhecidas como tais no meio científico. Por exemplo, Hawking
faz referência a uma tentativa de unificação teórica, chamada de GUT, que
precisa partir de números preestabelecidos para fechar as contas. Outro exemplo
gritante é a concepção ateia do surgimento da vida: à medida que o Universo foi
esfriando, os átomos simples foram se agrupando átomos mais complexos, e esses
em moléculas que, em dado momento, em decorrência de um “erro”, começaram a se autorreplicar,
após o que muitos outros “erros” foram acontecendo, tornando a replicação cada
vez mais complexa, até chegar em um ser autoconsciente, capaz de observar a si
mesmo e ao mundo e a questionar as origens e fundamentos de sua existência... Não
posso concordar que acreditar nessa fabulosa comédia de erros seja mais
científico que supor uma Inteligência conduzindo todo o processo.
Na
busca de uma vida inteira por sua “Teoria de Tudo”, talvez o eminente cientista
não tenha percebido que havia apenas inventado um novo nome para Deus.
“A
Teoria de Tudo” (Trailer)
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MANIFESTO –
Mensageiros do Vento
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5823590
Um
experimento literário realizado com muita autenticidade e ousadia. A ideia é
apresentar um diálogo contínuo, não de diversos personagens entre si, mas entre
as diversas vozes de um coral e o leitor. Seguir a pista do fluxo da
consciência e levá-la a um surpreendente ritmo da consciência. A meta desse
livro é gerar ondas, movimento e transformação na cabeça do leitor. Clarice
Lispector, Ferreira Gullar, James Joyce e Virginia Woolf, entre outros, são
grandes influências. Por demonstrarem que a literatura pode ser vista como uma
caixa fechada, e que um dos papéis mais essenciais do escritor é, de dentro da
caixa, testar os limites das paredes... Agora imagine esse livro escrito por
uma banda de rock! É o que encontramos no livro MANIFESTO – Mensageiros do
Vento, disponível aqui. Leia e descubra por si mesmo!
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5823590
Uma postagem maravilhosa!!
ResponderExcluirSilêncio desmedido
Beijos- Boa noite!
Gratidão, querida!
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