Fui
curiosamente atraído para a leitura desse livro, antes mesmo de saber que
Robert Galbraith é um pseudônimo de J. K. Rowling, autora da célebre série
Harry Potter. Li os três primeiros livros do Harry Potter e gostei muito, mas
gostei ainda mais de “Morte Súbita”, romance da mesma autora com uma temática
mais “adulta”. E a oportunidade de agora ler uma obra dela no original (“Career of Evil” no título em inglês),
ainda mais se tratando de uma história policial, um gênero que amo, tudo isso
fez com que me atirasse à leitura cheio de expectativas.
Mas,
como eu mesmo gosto de dizer, “a expectativa é a mãe da frustração”. A leitura
valeu muito, principalmente, pelo “sotaque” tipicamente britânico, com uma
narrativa recheada de expressões e gírias londrinas entremeadas por transcrições
fonéticas de diálogos de outras regiões da Inglaterra e da Escócia, tudo
retratado de forma muito vívida. Muitos desses diálogos ocorrem em pubs, em
meio a porções de “fish and chips”
(peixe com batatas fritas, prato típico de Londres) embrulhadas em jornal e
longos goles de “pint” (metade de um
quarto de galão de cerveja). Valeu por uma “city
tour” a Londres!
A
história em si, que faz parte de uma série de aventuras do detetive Cormoran
Strike e de sua intrépida ajudante Robin Ellacott, é uma curiosa mistura de “thriller
de serial killer” com “romance para mocinhas”. É louvável a tentativa de se inovar
em um território tão batido, mesmo que seja pela mistura de clichês. Mas fiquei
com a impressão de que “a massa não deu liga”, pois achei improváveis tanto o
perfil do assassino quanto a lentíssima história de amor entre Cormoran e
Robin.
Ainda
assim, é inegável que Rowling escreve muito bem, mesmo com uma história fraca.
As quase 500 páginas em formato tijolão fluíram com facilidade, embaladas pela
narrativa envolvente da autora. Mas o mérito maior do livro é apresentar uma
intrigante patologia psicológica chamada em inglês de BIID (Body Integrity
Identity Desorder) e em português de TIIC (Transtorno de Identidade de
Integridade Corporal), que é o desejo de ter alguma deficiência ou o sentimento
de que algum membro do corpo não pertence a si mesmo, gerando o forte impulso
de ter esse membro amputado (https://pt.wikipedia.org/wiki/Transtorno_de_identidade_de_integridade_corporal).
Como sempre, a realidade é muito mais estranha e perturbadora que a mais insana
ficção.
\\\***///
Qual é o seu tipo de
monstro? Faça o teste e descubra!
“Em nossa cidade
habitam monstros, como em todas as outras.
A diferença é que
aqui ninguém finge que eles não existem.
Há pessoas
normais em nossa cidade também. É claro.
Ser normal é só a
maneira mais ordinária de ser monstruoso.”
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