terça-feira, 28 de abril de 2020

JUVENTUDE – Joseph Conrad



Li recentemente uma interessante citação a Joseph Conrad, que teria dito: “Como posso convencer a minha mulher de que, enquanto olho pela janela, estou a trabalhar?” (vide o artigo: https://esquerdaonline.com.br/2020/04/11/a-pandemia-e-o-incontido-desejo-do-tudo-pronto/).

É mesmo muito intrigante esse doce e penoso ofício de escritor, esse ser que passa tanto tempo dentro da própria cabeça. Que misteriosa vocação! Eu, que trilho essa senda com devotada gratidão, não me arrisco a querer definir o que é que move alguém a contar histórias. Só sei que escrever é tão necessário para mim quanto o ar que respiro, e acho que a maioria dos escritores sente algo parecido.

Como o próprio Joseph Conrad, que aos 38 anos abandonou a carreira de marinheiro (chegou ao posto de capitão da marinha mercante inglesa) para se dedicar exclusivamente à escrita. E seguiu firme em sua vocação literária durante os quinze anos seguintes, até finalmente obter sucesso e reconhecimento público. Não é um capricho qualquer que leva alguém a seguir caminhos como esse.

“Vocação” é a palavra. Algo que certamente não falta a Joseph Conrad, que embora tenha nascido na Ucrânia, filho de pais poloneses, é hoje considerado um dos principais autores de língua inglesa. Tenho loucura para ler “O Coração das Trevas”, seu livro mais famoso, que chegou a inspirar o filme “Apocalipse Now” de Coppola. Enquanto esse dia não chega, pude me entreter e aprender imensamente com “Juventude”, concisa e magistralmente escrita narrativa das peripécias do malfadado navio Judea, que tinha gravado na popa a divisa “Fazer ou Morrer” (provavelmente “Do or Die” no original, bem mais sonoro e expressivo). Segue um trecho para degustação:

“Não sabia até então que eu era o que se pode chamar de um homem! Lembro os rostos cansados, as figuras abatidas dos meus dois homens, lembro da minha juventude e de um sentimento que nunca mais haverá de voltar – o sentimento de que eu podia durar para sempre, mais do que o mar, do que a terra, do que todos os homens; o ilusório sentimento que nos atrai para alegrias, para perigos, para o amor, para o vão esforço – para a morte; a triunfante convicção de força, o calor da vida numa mão cheia de pó, a chama do coração que todo ano diminui, esfria, arrefece e expira – expira muito depressa, depressa demais, antes da própria vida.”

Só ao fazer essa resenha foi que tive a percepção de que muito provavelmente “Juventude” teve influência em “O Velho e o Mar” de Ernest Hemingway. Os livros conversam entre si.



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FAVELA GÓTICA liberado na íntegra no site da Verlidelas Editora:

Durante esse período de pandemia, em meio a tantas incertezas, temos uma única garantia: a de que nada será como antes. Estamos todos tendo a oportunidade preciosa de participar ativamente na reconstrução de um mundo novo, mais luminoso e solidário.

O livro Favela Gótica fala justamente sobre “a monstruosidade essencial do cotidiano”, em uma história cheia de suspense, fantasia e aventura. Ao nos tornamos mais conscientes das sombras que existem em nossa sociedade, seremos mais capazes, assim como a protagonista Liana, de trilhar um caminho coletivo das Trevas para a Luz.

A versão física de Favela Gótica está à venda no site da Verlidelas, mas – na tentativa de proporcionar entretenimento a todos durante a quarentena – o autor e a editora estão disponibilizando gratuitamente, inclusive para download, o PDF de todo o livro.

Fique à vontade para repassar o arquivo para amigos e parentes.

Leia ou baixe todo o livro no link abaixo:

Link do livro no SKOOB:

Book trailer

Entrevista sobre o livro na FM Cultura

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