Li pela primeira vez esse “Farewell,
My Lovely” por volta de 2010, no original em inglês. Curiosamente, gostei bem
mais agora da prosa de Raymond Chandler, dez anos depois e traduzida para o
português. Talvez seja porque já está esmaecida em minha mente a comparação com
“The Maltese Falcon” (que ao ser transposto para as telas de cinema ficou
conhecido por aqui como “Relíquia Macabra”), de Dashiell Hammett, que considero
a obra-prima do romance policial noir. Seja como for, me diverti
bastante com a ironia de Chandler, temperada com comparações inusitadas:
“Era forte, rápido e comia carne crua.
Ninguém podia obrigá-lo a nada. Era o tipo de polícia que cospe em seu
cassetete todas as noites em vez de rezar.”
“As mulheres mentem sobre qualquer
coisa, apenas para praticar.”
As frequentes referências
literárias talvez tenham contribuído para a fama de ter elevado o romance
policial ao patamar de “obra de arte”:
“– Quem é esse tal de Hemingway afinal?
– Um cara que fica repetindo a mesma
coisa uma porção de vezes até a gente começar a achar que ele deve ser bom.”
“– Meu Deus – gemeu ela. – Você parece o
pai de Hamlet!”
E pensar que Raymond
Chandler, nascido em uma família rica e seguindo a carreira de financista, só
decidiu se tornar escritor aos 45 anos, como forma de sobrevivência após a
crise econômica de 1929. Que voltas o mundo dá! Chandler perdeu a fortuna, mas
ganhou fama como o criador de Philip Marlowe, que ao lado do Sam Spade de
Dashiell Hammett é o próprio símbolo do detetive noir. Melhor deixar que o
próprio personagem se apresente:
“– Muito bem, Marlowe – disse eu entre
os dentes. – Você é um cara duro. Um homem de ferro de um metro e oitenta e
três. Noventa e cinco quilos nu e de cara lavada. Músculos rijos e nenhum
queixo de vidro. Você pode aguentar. Você levou duas cacetadas, foi esganado e
atingido no queixo com a coronha de um revólver até ficar meio bobo. Encheram
você de injeções de narcóticos e o mantiveram dopado até ficar tão louco quanto
dois camundongos valsando. E o que significou isso tudo? Rotina. Agora vamos
ver você fazer alguma coisa realmente difícil, como vestir as calças.”
A mocinha de “Adeus, Minha Adorada”
complementa muito bem essa descrição, que vale por um resumo do chamado “romance
negro”:
“– Você é tão maravilhoso – disse ela. –
Tão valente, tão determinado, e trabalha por tão pouco dinheiro. Todo mundo
bate em sua cabeça, sufoca-o, amarrota seu queixo e enche-o de morfina, mas
você continua a bater por entre os golpes até eles ficarem cansados. O que é
que o faz tão maravilhoso?”
Os leitores de Raymond
Chandler sabem a resposta.
\\\***///
FAVELA
GÓTICA liberado na íntegra no site da Verlidelas Editora:
https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica
Durante
esse período de pandemia, em meio a tantas incertezas, temos uma única
garantia: a de que nada será como antes. Estamos todos tendo a oportunidade
preciosa de participar ativamente na reconstrução de um mundo novo, mais
luminoso e solidário.
O
livro Favela Gótica fala justamente sobre “a monstruosidade essencial do
cotidiano”, em uma história cheia de suspense, fantasia e aventura. Ao nos
tornamos mais conscientes das sombras que existem em nossa sociedade, seremos
mais capazes, assim como a protagonista Liana, de trilhar um caminho coletivo
das Trevas para a Luz.
A
versão física de Favela Gótica está à venda no site da Verlidelas, mas – na
tentativa de proporcionar entretenimento a todos durante a quarentena – o autor
e a editora estão disponibilizando gratuitamente, inclusive para download, o
PDF de todo o livro.
Fique
à vontade para repassar o arquivo para amigos e parentes.
Leia
ou baixe todo o livro no link abaixo:
https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica
Link do livro no SKOOB:
https://www.skoob.com.br/livro/840734ED845858
Book
trailer
Entrevista sobre o livro na
FM Cultura
Nenhum comentário:
Postar um comentário