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terça-feira, 6 de junho de 2023

QUEM MATOU MOLIÈRE? UMA HISTÓRIA POLICIAL DE MUITAS CAMADAS



Resenha do livro “O DOENTE MOLIÈRE”, de Rubem Fonseca

Há um bom tempo que eu tinha muita curiosidade de ler esse livro de Rubem Fonseca, cuja proposta é tão inusitada: recontar a vida do grande dramaturgo francês Molière, tendo como ponto de partida a sua morte, que ocorreu praticamente no palco, enquanto ele encenava “O Doente Imaginário”, uma de suas peças mais famosas. Rubem Fonseca conta essa história pela perspectiva de um “Marquês Anônimo”, único personagem fictício da trama que, no papel de amigo de Molière, desconfia que sua morte não tenha ocorrido por causas naturais. Daí o amigo se transforma em narrador-detetive, e a biografia de Molière, com ênfase nas principais peças que ele escreveu, se transforma na fonte de pistas que esse detetive vai investigar a fim de desvendar o mistério.


Ou seja, essa história é uma viagem daquelas, que nas mãos de um autor menos experiente e talentoso talvez virasse um pastiche confuso e desconexo. A novela “O Doente Molière”, entretanto, exibe as principais qualidades da prosa de Rubem Fonseca, autor de alguns dos melhores romances brasileiros das últimas décadas, como “Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos”, “A Grande Arte” e “Bufo & Spallanzani”, além de livros de contos que conseguem ser ainda melhores que os romances, como “Feliz Ano Novo”, “Lúcia McCartney” e “O Homem de Fevereiro ou Março”, só para citar os meus favoritos.

A sensação que tive ao ler “O Doente Molière” foi quase lisérgica, ao perceber um “clima” inconfundível nas histórias de Rubem Fonseca sendo transposto para a Paris de Luís XIV, em pleno século dezessete! Para quem já conhece esse “climão do Rubão”, descrições são desnecessárias. E para quem não conhece ainda, acho que qualquer tentativa de descrição seja inútil, mas mesmo assim vou tentar: uma prosa seca e elegante, que mistura erudição, sexo e violência em doses iguais, em meio a uma trama onírica de desenlaces inesperados. Os heróis de Rubem Fonseca, galeria que tem no advogado Mandrake seu membro mais célebre e da qual o Marquês Anônimo é também um típico representante, são sujeitos “acossados” por uma hipersexualidade incessante, mas que a princípio estão sempre mais interessados em outros assuntos aparentemente banais, sejam eles cavalos, charutos ou as últimas fofocas da corte parisiense. É essa ambiguidade a respeito do sexo, ao meu ver, que torna esses machos alfa de Rubem Fonseca tão interessantes e nem um pouco óbvios.

Voltando ao tema inusitado de “O Doente Molière”, durante toda a leitura fiquei intrigadíssimo para descobrir qual foi a motivação de Rubem Fonseca para escrever essa história. Só depois de terminada a leitura, ao pesquisar na Internet, foi que descobri que o livro faz parte de uma série da Companhia das Letras chamada “Literatura ou morte”, que teve como mote a obra ou a biografia de grandes nomes da literatura. Fazem parte da coleção, por exemplo: “Medo de Sade”, de Bernardo Carvalho, “Os leopardos de Kafka”, de Moacir Scliar e “Borges e os Orangotangos Eternos”, de Luis Fernando Veríssimo. Saber disso me fez admirar ainda mais a inventividade e o talento de Rubem Fonseca, que criou esse texto movido não por alguma estranha obsessão, mas sim pelo desafio interessantíssimo!


  

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FABIO SHIVA é músico, escritor e produtor cultural. Autor de “Favela Gótica” (https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica), “Diário de um Imago” (https://www.amazon.com.br/dp/B07Z5CBTQ3) e “O Sincronicídio” (https://www.amazon.com.br/Sincronic%C3%ADdio-sexo-morte-revela%C3%A7%C3%B5es-transcendentais-ebook/dp/B09L69CN1J/). Coautor e roteirista de “ANUNNAKI - Mensageiros do Vento” (https://youtu.be/bBkdLzya3B4).

 

Facebook: https://www.facebook.com/sincronicidio

Instagram: https://www.instagram.com/prosaepoesiadefabioshiva/

 

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O SINCRONICÍDIO – Fabio Shiva

 “E foi assim que descobri que a inocência é como a esperança. Sempre resta um pouco mais para se perder.”

Haverá um desígnio oculto por trás da horrenda série de assassinatos que abala a cidade de Rio Santo? Apenas um homem em toda a força policial poderia reconhecer as conexões entre os diversos crimes e elucidar o mistério do Sincronicídio. Por esse motivo é que o inspetor Alberto Teixeira, da Delegacia de Homicídios, está marcado para morrer.

“Era para sermos centelhas divinas. Mas escolhemos abraçar a escuridão.”

Suspense, erotismo e filosofia em uma trama instigante que desafia o leitor a cada passo. Uma história contada de forma extremamente inovadora, como um Passeio do Cavalo (clássico problema de xadrez) pelos 64 hexagramas do I Ching, o Livro das Mutações. Um romance de muitas possibilidades.

Leia e descubra porque O Sincronicídio não para de surpreender o leitor.

 

Oito anos depois do lançamento do livro físico, finalmente disponível também em e-book:

https://www.amazon.com.br/dp/B09L69CN1J

 

Livro físico:

https://caligo.lojaintegrada.com.br/o-sincronicidio-fabio-shiva

 

Book trailer:

http://youtu.be/Vr9Ez7fZMVA


 

 





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