domingo, 11 de fevereiro de 2024

O IRRECONHECÍVEL BIGODÃO DE HERCULE POIROT DÁ A PISTA: “NÃO É A MÃMÃE!”

 


Resenha do livro “OS CRIMES DO MONOGRAMA”, de Sophie Hannah (escrito em nome de Agatha Christie)

Abandonar um livro é uma decisão difícil. Sempre bate um inexplicável sentimento de fracasso, de derrota. É algo como sair de um relacionamento tóxico sentindo culpa por não ter se esforçado o suficiente para fazer a relação funcionar...

Algumas pessoas são paranoicas com isso e não conseguem sequer pensar na possibilidade de abandonar um livro. Leem com os olhos pingando sangue, mas não largam o bicho antes de chegar na última página. Outros são surpreendentemente indiferentes a terminar ou não uma leitura. Se o livro não seduz apaixonadamente, é largado antes da página 10, porque a fila anda...

Posso dizer que, como leitor, procuro me situar entre esses dois opostos. Não largo um livro por qualquer besteira, também não me obstino a ler até o fim a qualquer custo. Mas sempre sofro quando tenho que chegar a essa triste decisão a que cheguei com “Os Crimes do Monograma”, que fechei em definitivo na página 66.


Antes dessa decisão, como último recurso, fui pesquisar a respeito da autora Sophie Hannah, sobre quem caiu essa grande responsabilidade de emular o estilo inconfundível (e, agora creio, inimitável) de Agatha Christie, e de fazer isso ressuscitando um dos maiores personagens da Dama do Crime: o detetive belga Hercule Poirot, com seu bigodão, suas frases em francês e a sua paixão por simetria.

Para os fãs de Agatha Christie que ainda não leram “Os Crimes do Monograma”, não estou cometendo spoiler ao dizer que tudo o que encontrarão de Poirot nesse livro foi resumido na frase anterior. De resto, nosso querido está absolutamente irreconhecível: anda para lá e para cá numa agitação incompreensível, salta para conclusões sem a menor lógica, parece à beira de um ataque de nervos. Em suma, alguém que diz ser Hercule Poirot, que recebe o aval dos herdeiros de Agatha Christie para ser chamado assim, mas que um verdadeiro fã só poderia chamar (com muita educação) de impostor...

Pior ainda é o coadjuvante que Sophie Hannah inventou para o seu Poirot: o policial Edward Catchpool, um sujeito tão sensível que, ao ser encarregado de um tríplice homicídio, vai para casa sem tomar nenhuma providência de investigação, pois sofreu um trauma de infância e não aguenta ficar na mesma sala que um cadáver. Ao ler esse trecho, confesso que fiquei intrigado com a motivação da autora em criar um personagem que não suporta ver gente morta e que mesmo assim decide ser policial. Mas muito mais intrigado fiquei tentando atinar no motivo de enfiar essa complicação tão desnecessária num crime já excessivamente complicado.

Pois essa parte é a pior, infelizmente: o assassinato descrito em “Os Crimes do Monograma” é inverossímil ao ponto de ser enfadonho. Lembro de ter lido em Agatha Christie assassinatos extremamente elaborados, que só poderiam existir em um romance policial. Contudo a parte complicada era a explicação da mecânica do assassinato, não o crime em si. Tudo é exagerado, cheio de detalhes desinteressantes. Uma chatice só. Exatamente o contrário do que se esperaria encontrar em um romance de Agatha Christie.


A impressão geral da leitura foi a de que se tratava de uma espécie de farsa, uma paródia burlesca com caricaturas exageradas, cuja intenção (fracassada) era a de fazer rir pelo ridículo. Lá pela página 50 me convenci de que não iria ficar melhor que aquilo. E foi quando decidi pesquisar sobre Sophie Hannah, que descobri ser uma aclamada autora de romances policiais best-seller. Para ser justo com a autora, pretendo ler algo dessa sua safra pessoal no futuro. Mas da próxima vez que eu sentir saudades de Agatha, vou ler pela segunda, terceira ou quarta vez algum dos incríveis livros que a Dama de fato escreveu.


  

\\\***///

 

FABIO SHIVA é músico, escritor e produtor cultural. Autor de “Favela Gótica” (https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica), “Diário de um Imago” (https://www.amazon.com.br/dp/B07Z5CBTQ3) e “O Sincronicídio” (https://www.amazon.com.br/Sincronic%C3%ADdio-sexo-morte-revela%C3%A7%C3%B5es-transcendentais-ebook/dp/B09L69CN1J/). Coautor e roteirista de “ANUNNAKI - Mensageiros do Vento” (https://youtu.be/bBkdLzya3B4).

 

Facebook: https://www.facebook.com/fabioshivaprosaepoesia

Instagram: https://www.instagram.com/fabioshivaprosaepoesia/

 

 

\\\***///

 


O SINCRONICÍDIO: Sexo, Morte & Revelações Transcendentais – Fabio Shiva

Leia o PDF grátis:

https://www.recantodasletras.com.br/e-livros/7847612

Para celebrar o seu décimo aniversário, a Caligo Editora está disponibilizando gratuitamente o PDF do romance policial “O SINCRONICÍDIO: sexo, morte & revelações transcendentais”, de Fabio Shiva. Lançado em 2013, o livro chama atenção pela originalidade da trama, que mistura xadrez e I Ching.

“E foi assim que descobri que a inocência é como a esperança. Sempre resta um pouco mais para se perder.”

Haverá um desígnio oculto por trás da horrenda série de assassinatos que abala a cidade de Rio Santo? Apenas um homem em toda a força policial poderia reconhecer as conexões entre os diversos crimes e elucidar o mistério do Sincronicídio. Por esse motivo é que o inspetor Alberto Teixeira, da Delegacia de Homicídios, está marcado para morrer.

“Era para sermos centelhas divinas. Mas escolhemos abraçar a escuridão.”

Suspense, erotismo e filosofia em uma trama instigante que desafia o leitor a cada passo. Uma história contada de forma extremamente inovadora, como um Passeio do Cavalo (clássico problema de xadrez) pelos 64 hexagramas do I Ching, o Livro das Mutações. Um romance de muitas possibilidades.

Leia e descubra porque O Sincronicídio não para de surpreender o leitor.

 

Livro físico:

https://bit.ly/43G7Keq

 

E-book:

https://www.amazon.com.br/dp/B09L69CN1J

 

Book trailer:

http://youtu.be/Vr9Ez7fZMVA


 

Baixe o PDF gratuitamente:

https://www.recantodasletras.com.br/e-livros/7847612

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...