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sábado, 27 de julho de 2024

O MISTERIOSO E ESPETACULAR ASSASSINATO DA QUARTA PAREDE

 


Resenha do livro “OS PECADOS DE WEST HEART”, de Dann McDorman

Quando eu soube desse livro, fiquei doido para ler. Não sosseguei até encontrar um exemplar, e – que sorte a minha! – no original em inglês, ainda por cima (“West Heart Kill”). Que coisa rara e excitante era anunciada nas matérias e resenhas que li a respeito de “Os Pecados de West Heart”: um romance policial criativo e original, lançado em pleno século XXI!

Pois é de fato tarefa dificílima inovar em um gênero tão batido e repisado, desde que teve suas características principais delineadas por Edgar Allan Poe há 183 anos, em “Os Assassinatos da Rua Morgue”. A dificuldade não decorre só da longevidade das histórias de mistério, mas principalmente por se tratar de um gênero com uma série de regras muito bem definidas, cuja infração constitui falha imperdoável.


E é justamente aí que reside o grande mérito de “Os Pecados de West Heart”, uma história que subverte o gênero policial, sem contudo jamais infringir nenhuma de suas regras sagradas. Pelo contrário, as regras são constantemente evocadas para o leitor, que pode averiguar por si mesmo a sua justa aplicação no decorrer da trama.


Essa é a tão comentada “quebra da quarta parede” promovida pelo autor Dann McDorman em “West Heart Kill” (o título em português infelizmente deixa de fora um trocadilho intraduzível, pois “kill” significa tanto “assassinato” quanto “caça” ou “riacho”, e todos esses significados são importantes para a história). A “quarta parede” é um conceito oriundo do teatro e do cinema, que demarca a fronteira imaginária entre o palco e a plateia, ou seja, entre a ficção e a realidade. De um lado da quarta parede, temos a história que está sendo contada. Do outro, temos as pessoas para quem a história é contada. A quebra da quarta parede, portanto, implica na invasão do mundo real pela história inventada. Isso ocorre, por exemplo, quando um ator conversa diretamente com a plateia (no caso de uma peça teatral) ou fala com o espectador, fitando a câmera (no caso de um filme).


Mas como se dá a “quebra da quarta parede” em um romance? Milan Kundera fez algumas experiências geniais nesse sentido em obras incríveis como “A Insustentável Leveza do Ser” (https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2022/07/o-insuperavel-deleite-de-ler-uma-obra.html) e “A Imortalidade” (https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2023/11/a-ruptura-da-quarta-parede-literaria.html). Já Dann McDorman, ao aplicar esse recurso ao romance policial, proporciona ao leitor uma experiência única e intensa, que ouso comparar, em termos de impacto emocional, à obra-prima de Agatha Christie, “O Assassinato de Roger Ackroyd” (https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2012/10/o-assassinato-de-roger-ackroyd-agatha.html).


Qualquer pessoa adulta pode ler “Os Pecados de West Heart”, sem restrições. Contudo a minha recomendação é que tenha lido ao menos algumas dezenas de romances policiais, para melhor apreciar as muitas referências às tais “regras da história de mistério”, cujo conhecimento prévio enriquece sobremaneira a experiência da leitura.

Ao pensar em fazer tal recomendação, tive a natural curiosidade de saber quantos livros de mistério eu mesmo li desde que, aos 11 anos de idade, fiquei uma semana sem dormir direito depois de ler “E Não Sobrou Nenhum”, de Agatha Christie. Uma conta difícil de se fazer, considerando quatro décadas de leitura apaixonada de todos os romances policiais que caíram em minhas mãos. Mas fiquei feliz em constatar que mesmo depois de ter lido esses livros todos – e até de ter escrito o meu próprio livro policial, “O Sincronicídio” (https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2021/12/so-para-quem-gosta-de-sexo-morte-e.html), continuo apaixonado como sempre. O menino que se encantou pelo mistério continua bem vivo, graças a Deus!


“‘These violent delights have violent ends’ is the phrase from Shakespeare, neatly encapsulating (though this is not how Shakespeare meant it) the dilemma that has vexed artists, moral philosophers, and civic-minded prudes for centuries. Although the average reader harbors no qualms about the macabre enjoyments of murderous fiction, there is something faintly unsettling about the entire enterprise.”

(Dann McDorman)


[“‘Essas delícias violentas têm fins violentos’ é a frase de Shakespeare, capturando claramente (embora não tenha sido assim que Shakespeare quis dizer) o dilema que tem incomodado artistas, filósofos morais e puritanos de mentalidade cívica durante séculos. Embora o leitor médio não tenha escrúpulos quanto aos prazeres macabros da ficção assassina, há algo ligeiramente perturbador em todo o empreendimento.”]

(Dann McDorman)


 

 

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FABIO SHIVA é músico, escritor e produtor cultural. Autor de “Favela Gótica” (https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica), “Diário de um Imago” (https://www.amazon.com.br/dp/B07Z5CBTQ3) e “O Sincronicídio” (https://www.amazon.com.br/Sincronic%C3%ADdio-sexo-morte-revela%C3%A7%C3%B5es-transcendentais-ebook/dp/B09L69CN1J/). Coautor e roteirista de “ANUNNAKI - Mensageiros do Vento” (https://youtu.be/bBkdLzya3B4).

Facebook: https://www.facebook.com/fabioshivaprosaepoesia

Instagram: https://www.instagram.com/fabioshivaprosaepoesia/


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O SINCRONICÍDIO: Sexo, Morte & Revelações Transcendentais – Fabio Shiva

Leia o PDF grátis:

https://www.recantodasletras.com.br/e-livros/7847612

Para celebrar o seu décimo aniversário, a Caligo Editora está disponibilizando gratuitamente o PDF do romance policial “O SINCRONICÍDIO: sexo, morte & revelações transcendentais”, de Fabio Shiva. Lançado em 2013, o livro chama atenção pela originalidade da trama, que mistura xadrez e I Ching.

“E foi assim que descobri que a inocência é como a esperança. Sempre resta um pouco mais para se perder.”

Haverá um desígnio oculto por trás da horrenda série de assassinatos que abala a cidade de Rio Santo? Apenas um homem em toda a força policial poderia reconhecer as conexões entre os diversos crimes e elucidar o mistério do Sincronicídio. Por esse motivo é que o inspetor Alberto Teixeira, da Delegacia de Homicídios, está marcado para morrer.

“Era para sermos centelhas divinas. Mas escolhemos abraçar a escuridão.”

Suspense, erotismo e filosofia em uma trama instigante que desafia o leitor a cada passo. Uma história contada de forma extremamente inovadora, como um Passeio do Cavalo (clássico problema de xadrez) pelos 64 hexagramas do I Ching, o Livro das Mutações. Um romance de muitas possibilidades.

Leia e descubra porque O Sincronicídio não para de surpreender o leitor.

 

Livro físico:

https://bit.ly/43G7Keq

 

E-book:

https://www.amazon.com.br/dp/B09L69CN1J

 

Book trailer:

http://youtu.be/Vr9Ez7fZMVA


 

Baixe o PDF gratuitamente:

https://www.recantodasletras.com.br/e-livros/7847612  

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