Resenha do
livro “JANE EYRE”, de Charlotte Brönte
Devo essa leitura à querida Teresa Fiore, que me surpreendeu ao afirmar que leu “Jane Eyre” nada menos que cinco vezes. Ela, por sua vez, ficou consternada ao descobrir que eu ainda não havia lido a sua obra favorita. Por isso tratei de corrigir a situação o quanto antes, para meu grande ganho.
Pois gostei muito dessa leitura, que fluiu com interesse e leveza do início ao fim. Publicado em 1847, “Jane Eyre” é um formoso bildungsroman ou “romance de formação”, que conta a vida, as tribulações e os aprendizados da heroína e narradora Jane, desde a infância até a idade adulta. Ao contrário da maioria das protagonistas femininas dos romances da época (e também de hoje em dia), Jane Eyre não é bonita e nem rica, mas não demora em cativar os leitores de sua saga com sua mente afiada e seu coração bondoso. Compreendi perfeitamente o fascínio e a força que essa personagem exerceu sobre minha amiga.
A autora Charlotte Brönte escreveu “Jane Eyre” aos 31 anos (publicando o livro inicialmente sob o pseudônimo de Currer Bell). Ela é a mais velha das famosas “irmãs Brönte”, que legaram ao mundo obras muito interessantes. Li há alguns anos “O Morro dos Ventos Uivantes” (https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2020/04/o-morro-dos-ventos-uivantes-emily-bronte.html), de Emily Brönte, que me deixou muitíssimo intrigado. Pois são inegáveis o talento da autora e a força de sua narrativa. Contudo a história é original ao ponto de me parecer bizarra e até incompreensível sob muitos aspectos. Ao tentar solucionar esse enigma, a conclusão a que cheguei na época foi:
Ao saber que a autora desencarnou precocemente, aos 30 anos de idade, apenas um ano após publicar seu livro, comecei a formular uma curiosa teoria, que a meu ver explica as singulares características de “O Morro dos Ventos Uivantes”. Talvez Emily Brontë tenha sido uma criança azul nascida antes do tempo, vinda de algum planeta bem mais evoluído que o nosso. Assim, inevitavelmente ficou chocada com a grosseria e brutalidade que encontrou por aqui, o que a motivou a escrever uma história de amor passada entre tais feras. Sua psique refinada, contudo, não suportou por muito tempo o rude ambiente no qual estava confinada, e Emily voltou para as estrelas logo após nos deixar sua obra-prima, que também poderia ter se chamado “Os Brutos Também Amam”.
Diante do estranhamento que essa leitura provocou em mim, achei muitíssimo curioso que alguns amigos meus considerassem “O Morro dos Ventos Uivantes” o melhor romance que leram na vida... assim como a querida Teresa Fiore considera “Jane Eyre”, escrito pela irmã de Emily, como o melhor romance que já leu.
Ao ler agora “Jane Eyre”, minha perspectiva foi ampliada por um segundo ponto de vista. Assim como no caso de “O Morro dos Ventos Uivantes”, deparei-me com uma história original ao ponto de parecer exótica e até estranha, ainda que essa impressão de “esquisitice” tenha sido bem mais suave no romance de Charlotte Brönte que no de sua irmã Emily. Achei um ponto muito importante – e revelador – o fato de a espiritualidade entrar abertamente na trama de “Jane Eyre”, sem que a autora se preocupasse em dar qualquer explicação “lógica” ou “racional” para fenômenos aparentemente “sobrenaturais”.
Não posso entrar em detalhes para não cometer spoiler, mas essa presença marcante da espiritualidade, junto com o desfecho do romance, me fizeram ter a seguinte impressão de “Jane Eyre”: uma profunda e comovente história de amor entre duas almas que provisoriamente habitam determinados corpos... Daí ser absolutamente indiferente, para os amantes, que seus corpos passem por essa ou aquela circunstância, que significariam o fim ou no mínimo uma transformação brutal em relacionamentos que não estivessem alicerçados no vínculo entre suas almas.
Terminei a leitura mais que convencido de que as irmãs Brönte viam o mundo e a humanidade sob uma ótica bem diferente da maioria das pessoas. E fiquei muito curioso para saber mais sobre essas talentosas e tão originais escritoras.
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FABIO SHIVA é músico, escritor e produtor cultural. Autor de
“Favela Gótica” (https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica),
“Diário de um Imago” (https://www.amazon.com.br/dp/B07Z5CBTQ3)
e “O Sincronicídio” (https://www.amazon.com.br/Sincronic%C3%ADdio-sexo-morte-revela%C3%A7%C3%B5es-transcendentais-ebook/dp/B09L69CN1J/).
Coautor e roteirista de “ANUNNAKI - Mensageiros do Vento” (https://youtu.be/bBkdLzya3B4).
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HISTÓRIAS DE MAINHA
“É claro que minha mãe é
muito mais do que as anedotas contadas aqui. Ainda assim, acredito que será
possível, mesmo para quem não a conhece pessoalmente, ter acesso a algo de sua
essência pela leitura deste livro. Não se trata de uma biografia, e nem
poderia, mas sim de algo como um lúdico holograma. Em cada piada, em cada
risada, espero que você tenha acesso a uma alegria mais profunda, que talvez
seja inexprimível por meio das palavras.” (Fabio Shiva)
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Acredito que seja um livro muito interessante de ler.
ResponderExcluir.
Saudações poéticas e amigas.
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Gratidão pelo comentário e por essa energia boa!
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