Por Elenilson Nascimento
Terei o cuidado redobrado nessa resenha com relação ao James Joyce, pois criticar uma obra considerada clássica da literatura universal não é uma coisa muito fácil. Ainda mais quando "bulimos" na ferida da vaidade dos outros. E o que tem de gente arrogante no meio literário não é brincadeira não! Não importa a qualidade da leitura que você tenha, sempre vai existir alguém para dizer que você não leu direito. Pode ser aquela leitura rápida sem maiores ambições dentro de um ônibus ou até mesmo uma leitura apaixonada, cheia de descobertas e conclusões. O importante mesmo é ler cuidadosamente para crescer. Mas combinemos excluir apenas um livro, a Bíblia. E o motivo prefiro não citar aqui.
Este livro de “alta literatura”, como me foi apresentado pela bibliotecária, mas que provavelmente ela não deve ter aberto uma única página, chegou às minhas mãos cheio de expectativas, mas terminou sendo PARA MIM uma decepção. Já há muito tempo que eu ouvia falar de James Joyce (*inclusive antes de eu ler a sua bio eu achava que era uma mulher!), que foi um excelente escritor e tudo mais, e ouvia muita gente reconhecer “Ulisses”, sua obra mais famosa, como o melhor livro de todos os tempos. Até Marilyn (foto abaixo) adorava esse Joyce. Na época em que eu fazia faculdade de Letras, até peguei o “Ulisses” na biblioteca, mas depois, sabendo que é uma obra dificílima de compreender (daquelas que todo mundo gosta mas ninguém entende) e que em livro impresso são quase mil páginas, decidi que seria melhor não arriscar uma leitura estafante pela frente. Fora que tive um professor na UCSAL que havia me dito que era perda de tempo, pois eu jamais compreenderia as palavras mágicas do Joyce. Tempos depois tentei comprá-lo, mas, como sempre acontece, estava fora dos meus padrões (*mais de 100 reais). Agora, finalmente, busquei uma leitura inicial do Joyce para saber se realmente aquele meu professor da faculdade que menosprezou a minha capacidade de interpretação estava certo.
Marilyn Monroe devorando “Ulisses”, de James Joyce.
Em “Um Retrato do Artista Quando Jovem”, Joyce narra o processo de amadurecimento de um jovem, de forma mais ou menos biográfica (*alguns dizem – inclusive no prefácio dessa edição – que o seu personagem Stephen Dedalus seria o auterego do autor), em conflitos pessoais, sobretudo religiosos, mas abrindo discussões sobre temas como política (a questão da Irlanda), família, homossexualismo, sociedade, estética, todos os conflitos com que um jovem tem de lidar até a maturidade pessoal e, no presente caso, artística.
Aí fiquei pensando que outros autores fizeram o mesmo trajeto: Goethe e o seu “Os Anos de Aprendizagem de Wilhelm Meister” com a estória do jovem alemão e suas teorias loucas sobre Hamlet que não só influenciou diversos escritores como criou um gênero. Um livro incrível! Outras obras como “O Jovem [Aluno] Törless” de Robert Musil; “Sidarta” de Hermann Hesse; “Cenas da Vida na Aldeia” de Amós Oz; o maravilhoso “O Poço da Solidão” de Radclyffe Hall; além do “Cartas a um Jovem Poeta” de Rainer Maria Rilke, que faz uma defesa apaixonada da solidão, não como martírio, mas como opção filosófica e caminho para a transcendência; e também, com muita ousadia, vou me incluir nessa, o meu livro “Memórias de um Herege Compulsivo” e até a série “Harry Potter” da milionária escritora britânica J. K. Rowling são alguns dos expoentes do gênero. ("UM RETRATO DO ARTISTA QUANDO JOVEM", de James Joyce, romance, 272 págs., editora Alfaguara - 1904)+ Clique aqui e leia a minha resenha completa.
>>> Visite o LITERATURA CLANDESTINA e o COMENDO LIVROS.
Linda resenha!
ResponderExcluirTenho esse livro aqui, quero ler!
Ainda estou empacado no Ulisses, na página 50 afff!!!
Maravilhosa sua resenha parabéns. Concordo plenamente.
ResponderExcluir