segunda-feira, 19 de março de 2012

A batalha do apocalipse - Eduardo Spohr



"Não há na literatura em língua portuguesa conhecida nada que se pareça com “A Batalha do Apocalipse”", assim José Louseiro, escritor e roteirista, inicia seus comentários a respeito desta obra grandiosa e não há como discordar de suas palavras.

Fiquei encantado com A batalha do apocalipse: Da queda dos anjos ao crepúsculo do mundo desde que coloquei os olhos na capa, um trabalho belíssimo. Depois do sucesso ainda saiu uma edição em capa dura, com organogramas e recheada de ilustrações. Pronto, me apaixonei perdidamente, sem nem ao me
nos ter lido.

O livro trata de tudo um pouco. Religião, misticismo, história e aventura, muita aventura. Em determinado ponto a narrativa passa a ser em primeira pessoa, mas não perde a fluidez, aliás, fica mais ágil e veloz. Porém, em grande parte do livro, o ritmo é lento, com idas e vindas no tempo, pisadas bruscas no freio, tudo em prol de uma maior concentração de informações. Isso pode tornar a leitura cansativa a quem foi forjado lendo na Internet. Confesso que consultei o apêndice do livro inúmeras vezes, pois ele vem recheado de explicações, mas nada disso me fez desistir, muito pelo contrário, virou meu livro de cabeceira.
Eduardo Spohr nos conta a história de Ablon, um anjo que ousou desafiar os arcanjos (que invejam o homem por terem alma e serem a mais perfeita criação e desejam a aniquilação da humanidade) e pagou com o exílio, sendo expulso do paraíso, condenado a vagar na Terra até o Dia do Juízo Final, juntamente com outros anjos por ele chefiados. Como se não bastasse, são caçados pelos anjos caídos, sim, os adeptos de Lúcifer. Paraíso e inferno, cada um com seu motivo, a fim de liquidar os renegados.

Tudo isso acontecendo do início da criação, passando pela Babel, Império Romano, Inglaterra medieval, época atual, até o final dos tempos, sem perder a tensão, tudo muito amarradinho. É um banho de história, podem conferir. Permeando a obra temos o entrelaçamento entre Ablon e a feiticeira Shamira, a descoberta de um sentimento que pode alterar todo o curso da história. E uma só palavra: sensacional!
Existem inúmeros trechos dignos de nota, separei alguns um pouco mais filosóficos.

Sobre o que são parábolas:
“– As parábolas não são desprezíveis, mas representam o ápice da comunicação humana. Assim, cabe ao indivíduo interpretá-las. Não há nada mais adequado a uma raça dotada de livre vontade, aberta a encontrar as próprias respostas. As escrituras estão cheias de símbolos que ajudam os homens a entender o significado do cosmo. Mas a verdade perfeita só existe na mente de cada um.”

Sobre a fé:
“...a fé é justamente a propriedade de acreditar no indecifrável.”

A crueldade estampada em um trecho em que Ablon sente o fim da vida de seus amigos humanos:
“Mortos. Estavam todos mortos. Inocentes, infelizes, lançados em uma guerra que nada tinha a ver com seus interessem mundanos. Vítimas da mais terrível maldição imposta aos renegados – a solidão. Era assim que devia ser, para todos os exilados. Tudo e todos à nossa volta sucumbiriam um dia, até que fosse anunciada nossa própria destruição. Era esta minha fortuna: suportar o extermínio de meus amigos e nada poder fazer diante disso.”

Discurso inflamado rumo à batalha do apocalipse (Armagedon):
“– Rebeldes! ... Escutem-me agora os que têm bravura no coração e fidelidade no espírito. Escutem-me os que são honrosos e sábios, e os que acreditam no poder da justiça... Vocês são um exército do bem, e tenho o prazer de liderá-los na derradeira batalha. Daqueles que aqui estão, sigam-me só os que não temem a morte, os guerreiros arrojados, os fortes e os temerários. Quando a peleja estalar e todo
s os seus companheiros tiverem tombado, vencerá o persistente, o corajoso, o que carrega a causa mais gloriosa. Que me acompanhem os que adoram o Altíssimo, os que respeitam a legalidade de sua obra e os que estão o assassinato dos homens. Esta noite, lutaremos até o último soldado!”

Sábias palavras do Arcanjo Gabriel:
“– Todos nós aspiramos ao inalcançável, e essa angústia é a centelha que acende o calor da existência. Quando todas as questões são respondidas, perde-se também o estímulo da vida.”

Deus é:
“A realidade, definida pelo Mensageiro (Arcanjo Gabriel), era absolutamente clara e singela. Deus é a totalidade do universo, e a compreensão do infinito. Ele é a pura bondade, o amor irrestrito e a aceitação do desigual. Na ciranda dos sentimentos, o amor é o mais grandioso, porque reúne uma mistura de sensações convergentes, tais como a paixão, a amizade e o respeito.”

Enfim, o livro é indicado a todos aqueles que acreditam na justiça e que abrem mão de vantagens para enfatizar o amor e a virtude. E também àqueles que acreditam que acordar todo dia já é o maior milagre. O livro é 5 estrelas e está sintetizado na frase: “Acreditar no
impossível é a chave para entender os segredos do universo”.

Um comentário:

  1. Maravilhosa resenha!
    Já ouvi falar tão bem desse livro que tenho que ler também!!!

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