segunda-feira, 19 de março de 2012

PEÇA E SERÁ ATENDIDO – Esther & Jerry Hicks


Esse livro representou ao mesmo tempo uma das mais intensas oportunidades de aprendizado e uma das leituras mais estressantes a que tive acesso nos últimos tempos.

Essa leitura confirma a descoberta que, de tanto repetida, acaba por se transformar em lei. Toda vez que algo me incomoda profundamente (seja esse “algo” uma idéia em um livro, uma situação ou mesmo uma outra pessoa), isso significa que por trás do incômodo existe um aprendizado não menos profundo.

Toda vez que aponto um dedo acusador na direção de uma outra pessoa, situação ou idéia, estou na verdade evidenciando alguma fragilidade em mim mesmo. Na maioria das vezes, após um exame honesto e cauteloso, acabo descobrindo em mim mesmo exatamente os mesmos defeitos ou falhas que eu estava tão ansioso em apontar fora de mim.

Isso já aconteceu comigo tantas vezes que acabei ficando atento. Se algo me incomoda muito, é certo que está próximo o aprendizado. (Isso não quer dizer que sejamos obrigados a gostar de tudo. É possível não gostar de algo sem se sentir incomodado. É somente quando o incômodo é tão grande que sentimos a compulsão de falar mal do objeto de nossa aversão que, acredito eu, entra em ação esse misterioso mecanismo do auto-conhecimento.)

Pois bem. Esse livro, “Peça e Será Atendido”, me incomodou muito. Me incomodou muitíssimo.


A dissonância cognitiva que experimentei ao ler esse livro foi crescendo a um ponto quase intolerável. Pois algumas das idéias expostas me desagradaram profundamente e gritavam para mim sua inverdade. Por outro lado, não me atrevia a descartar o livro inteiro como sem valor. Primeiro, havia a pista de meu próprio incômodo. E depois havia algo na leitura que sugeria algum precioso ensinamento, apesar das partes discordantes. O que mais me estressava era não saber separar o joio do trigo.

A solução era mais simples do que eu pensava. Em certo momento, conversando com meu pai a respeito do livro, recebi finalmente a chave: “Você está muito concentrado nos pontos falhos. Tente focar os aspectos positivos.”

Nessa mesma noite cheguei a sonhar com o livro! E então tudo ficou claro.

O que mais me incomodava a respeito do livro era a excessiva “americanização” de alguns conceitos relacionados tanto com a moderna física quântica quanto com as antigas filosofias orientais.

Isso me incomodava tanto porque eu não conseguia admitir, graças a meus sentimentos anti-americanos, que essa visão “americanizada” pudesse produzir aprendizados tão valiosos!!!

A partir do momento que percebi isso, o incômodo deixou de existir e ficou só o aprendizado. Achei oportuno registrar essa seqüência de pensamentos pois espero que seja útil para outras pessoas em situações análogas.



Continuo sem concordar com o que antes me incomodava. O casal Jerry e Esther Hicks, juntamente com o seu preceptor Abraham, são as fontes primárias da tão falada “Lei da Atração”, que gerou inúmeros livros e o filme “O Segredo”, além de despertar muita polêmica.

Em minha opinião a “Lei da Atração” é um esforço de simplificação teórica válido e muito louvável. Quem quer que resolva estudar o fenômeno com o coração aberto irá concordar que existe algo de verdadeiro aí. A ciência já estabeleceu como um fato o domínio da consciência. A consciência determina a realidade. Isso é público e notório, ainda que vá de encontro a quatrocentos anos de mecanicismo. Já houve época em que foram tachados de loucos os que defendiam que a Terra fosse redonda ou que girasse em torno do Sol.

O problema, volto a dizer em minha opinião, é que a “Lei da Atração” simplifica demais. A parte do “desejo” está em completo acordo com sistemas como o budismo ou o hinduísmo: o desejo (ou o seu oposto, a aversão ou o medo) acaba determinando a realidade. O problema é que a “Lei da Atração” desconsidera completamente um conceito fundamental nesses antigos sistemas teóricos: o conceito de “ação” ou “carma”. Para o budismo ou para o hinduísmo, não há como falar de “desejo” sem falar de “ação”.

Essa supressão me deu a impressão de um “budismo do consumismo”, onde o nirvana seria algo como um grande shopping center com um estoque inesgotável de objetos do desejo.

Acho essa ausência do conceito de “ação” ou “carma” até perigosa, pois redunda na sugestão de que o único objetivo da vida humana é a satisfação infinita dos desejos. Como os próprios autores reconhecem, o que é infinito é o desejar, que não há como saciar um querer inesgotável. Cada desejo satisfeito faz nascer um novo desejo. O que nos leva à questão da felicidade, pois nem sempre a felicidade é a satisfação de um desejo, e com mais freqüência é justamente o contrário o que ocorre.

Por esse motivo contraponho à “Lei da Atração” a antiga cautela chinesa, que diz no ditado:

“Cuidado com o que você deseja: você pode conseguir.”


Agora, sobre o que gostei no livro!

Tenho que tirar o chapéu para a “eficiência americana”, que só pude apreciar inteiramente a partir da leitura desse livro.

Um dos pontos centrais da aplicação da “Lei da Atração” é estar atento aos próprios estados emocionais. As emoções são vistas como preciosos indicadores do quanto estamos próximos ou distantes de nossas metas. Em resumo, sempre que estivermos nos sentindo bem, estaremos caminhando na direção de nossos sonhos. Sempre que estivermos nos sentindo mal, isso indica que estamos de alguma forma “resistindo” à concretização do que desejamos.

O livro oferece uma espécie de tabela de referência emocional, que permite ao leitor se posicionar rapidamente em qualquer momento. Além disso, e mais importante, o livro traz ainda inúmeras técnicas para sair de um estado emocional desconfortável para outro mais agradável. Essa tabela e essas técnicas, a meu ver, tornam o livro valiosíssimo!

O que “Peça e Será Atendido” proporciona é um guia de controle do pensamento e das emoções. Na essência, aproxima-se muito de algumas técnicas de Raja Yoga, com a vantagem de ser muito mais simples e de fácil compreensão.

Muito ainda será dito sobre a “Lei da Atração”, sobre a “Yoga Quântica” e sobre tantas abordagens desse novo paradigma que está sendo construído. Privilegiados somos nós, que podemos acompanhar esse processo passo a passo. Ou melhor dizendo, para sermos quânticos, salto a salto.

Um comentário:

  1. Esse livro também me marcou muito. Li poucos livros - talvez nenhum - tão poderoso como esse. Por já ter lido outros livros sobre a lei da atração, poder da mente e afins mas esse realmente está sendo fatal na minha vida. Cheguei aos autores através do livro Becoming Magic de Genevieve Davis, o que me ajudou a compreender e me posicionar melhor sobre o assunto. Hoje considero que só vale a pena ler Abraham-Esther Hicks, Wayne Dyer e Eckart Tole pois eles de tiram do lugar, mesmo que para isso você tenha que sofrer um pouco, mas é um sofrimento que logo liberta. Peça e será Atendido é um livro fascinante.

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