quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O Morro dos Ventos Uivantes - Emily Brontë


“(...) O mundo inteiro é uma terrível coleção de testemunhos de que 
um dia ela realmente existiu e a perdi para sempre!” (Heathcliff)



O MORRO DOS VENTOS UIVANTES é um clássico, ou seja, foi eternizado como uma obra atemporal. Como falar de um clássico? Vou tentar colocar minhas impressões sem a influência do grande número de pessoas que falam bem (ou mal) do livro. 

Ainda não tive a oportunidade de ler outro livro que pudesse contar uma história capaz de mesclar amor e ódio de forma tão intensa quanto Emily Brontë: são tantos sentimentos fortes que os personagens quase saltam das páginas, e são capazes de nos comover tanto pelas suas virtudes quanto por seus pecados. É uma história de amor agressiva sim, mas meche muito com o leitor porque, em minha humilde opinião, é o retrato da realidade de que ninguém é totalmente bom ou ruim: temos estes dois “lados” dentro de nós que se mostram em maior ou menor grau dependendo da situação. Mas o livro não é sobre certo ou errado, o bem ou o mal, mas é essencialmente sobre o quão longe você está disposto a ir para conseguir o que quer, e é exatamente por isso que o livro é genial: não temos a quem amar e não temos a quem odiar, pois ficamos constantemente indo e voltando nas emoções intensas da narrativa. 

O livro conta a história – e desgraça – das famílias Earnshaw e Linton, que após a adoção de um jovem filho de ciganos pelo patriarca da família Earnshaw, tem suas vidas gradativamente modificadas. Grande parte da narrativa é feita pela governanta da família, a senhora Ellen Dean (Nelly), que recebe um inquilino em uma das casas de Heathcliff (o cigano adotado que consegue tomar para si todas as posses da família) e resolve lhe contar a saga de Catherine e de seu patrão. Tudo começa com a chegada de um órfão, trazido pelo senhor Earnshaw ao Morro dos Ventos Uivantes, nome do lugar onde a família Earnshaw morava. Batizado de Heathcliff, o garoto passou a morar e ser criado como um filho juntamente com Hindley e Cathy. Hindley tinha verdadeira aversão do Heathcliff e não tardou a tirá-lo de dentro de casa quando os pais morreram, e é quando passa a ser tratado como um criado da família. Cathy, além de melhor amiga do pequeno cigano, acaba por se apaixonar por ele. Rica e mimada, de temperamento selvagem e alegre, Cathy não se entrega a esta paixão por não achar Heathcliff digno de ser seu marido, por ser órfão, pobre e maltrapilho. Ela acaba por optar por uma vida de conforto e luxo, ao lado de Edgar Linton, seu vizinho que mora na Granja do Tordo, rico, educado e muito bonito. Isso gera raiva em Heathcliff, que sai em busca de riquezas para ter uma chance de casar com Catherine, mas quando volta e ela já está casada, torna-se um carrasco, pronto para se vingar e acabar com a paz e felicidade de todos, que de alguma forma, tiraram isso dele. 

Heathcliff é um personagem capaz de despertar no leitor amor e ódio, simultaneamente. Por mais maldoso que ele seja não conseguimos desprezá-lo. Queremos que ele seja feliz. Oscilamos entre a raiva e o encantamento pelo personagem. Mas eu vou logo avisando que é melhor se preparar antes de ler este livro: há muito rancor, medo, angústia, vingança, maldade e todos os sentimentos mais sombrios que possam existir no coração humano. A narrativa do livro é densa. Os primeiros capítulos, para mim, foram uma verdadeira prova de fogo, pois exigiram paciência para me acostumar com a forma de enredo e com o estilo da escritora. 

Entendi porque O MORRO DOS VENTOS UIVANTES divide seus leitores em dois grupos extremos: os que amam e os que odeiam a obra. Não é um romance comum porque não é uma história de amor inocente e contida. Ele é um romance extremista, animalesco, com o amor e o ódio o tempo todo se confrontando. Para mim é um livro maravilhoso, diferente de tudo que já li, mesmo que ele tenha feito com que eu gostasse de um personagem tão cruel. Mas foi lido no momento certo e com a devida paciência e maturidade que a obra pede. De uma forma ou de outra, um clássico é sempre um clássico, e nunca é perda de tempo. Leia sabendo que você pode até não gostar, mas com a certeza de que ele vai te marcar como a história de amor mais diferente que você já leu.

Renata CCS - http://www.skoob.com.br/estante/resenhas/750665/page:2

2 comentários:

  1. Que linda resenha!!!
    Quero muito ler esse livro!
    Seja muito bem-vinda, Renata!
    Já chegou chegando hem!!!!
    Parabéns!

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    Respostas
    1. Olá Fábio. Mais uma vez, obrigada pelo convite. Estou gostando muito de participar e de conhecer novas obras através das postagens aqui. Minha lista de aquisições vai aumentar muito (rs). Um abraço.

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