sábado, 6 de abril de 2013


O QUARTO DE JACK - Emma Donoghue

Obra com titularidade original Room, editada em 2010 traz o drama de uma mulher que é raptada e violentada por um homem, em um quarto por 7 anos. Nesse cativeiro ela dá a luz a um menino de nome Jack, que vive até os seus 5 anos, sem nunca ver e sentir o sol, o vento,  a chuva, ou mesmo ter contato com outro ser humano. Conhece apenas como lar, escola e jardim aquele pequeno quarto, que só se abre para o céu através de uma minúscula clarabóia.

O senso de proteção faz com que a mulher que virou mãe, ensine ao filho que o mundo é ali, naqueles metros quadrados e o resto que os dois veem juntos pela televisão, revistas ou livros não passa de fantasias e mentiras. E é através da visão desse pequeno menino que nunca viu o mundo, que as páginas se abrem e dá forma a história. Um olhar infantil divagando inocente e pura filosofia é o que autor consegue emanar desse tão pequenino protagonista.

Apesar de seu cárcere involuntário, a mãe transforma para o menino aquela prisão em seu melhor brinquedo, sua maior lembrança, sua maior proteção...até que cansada dessa prisão, ele e sua mãe resolvem armar um plano de fuga e Jack finalmente vê o mundo que sempre achou  ser uma fantasia....

Divagações, críticas sociais e políticas são desenhadas pela autora com brilhantismo, nos fazendo refletir muito sobre as prisões veladas que o mundo nos coloca...sem portas, sem grades, mas um mundo em constante vigília social. Um mundo que nos violenta na nossa suposta liberdade humana, na nossa velada liberdade social, na nossa mascarada liberdade política.


Tramas, violências e sofrimentos vão enchendo as páginas e tomando conta de nossos corações, principalmente das mães. Muitas páginas nos levam a ter pena daquela alma inocente e sua mãe sofrida e protetora...é uma linda história, diferente de tudo que já li. E acredito que o autor conseguiu passar exatamente o que sentia. Um pouco perturbadora eu confesso, mas bacanérrimaaaa e eu recomendo!


7 comentários:

  1. Interessantíssimo... a vida da criança parece expressar o "mito da caverna" de Platão. Me deixou curioso.

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  2. Nossa, forte hem!
    Foi "baseado em fatos reais"? Ou é ficção?

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  3. Rodolfo
    Por isso eu adoro esse espaço...todos sacam as entrelinhas com facilidade. Ahaha
    Eu li essa obra exatamente por achar que ela fazia alguma alusão a Platão que eu amo. Acredito que a autora tenha usado muito da filosofia de Platão para montar essa obra...A trama lembra muito o mito da caverna sim, principalmente a trama que ela tece com os protagonistas após fuga...sua volta ao mundo, a visão do mundo que se achava uma mentira, falsas crenças e novos conceitos. A obra começa mesmo após a fuga e a trama que segue até o fim é incrivelmente bem amarrada pela autora. Mesmo com similaridade é uma obra maravilhosa e vale a pena lê-la, afinal quantas já lemos com similaridades e adoramos né?

    Fábio
    Não li nada da obra como fatos reais...mas vou xeretar pelas bibliografias de fofocas. ahaha

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  4. Fábio
    Xeretei....a obra ganhou muitos prêmios e trata-se mesmo de pura ficção, mas como disse acima, e também muito bem sacado pelo Rodolfo, teve Platão como musa. ahahah

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  5. É verdade querida Moon, recentemente li também "Gênesis" de Bernard Beckett, autor neozelandês (é sempre bom sair do eixo), que tem como tradutor Braulio Tavares, um cara excepcional que já ganhou prêmios em Portugal, apesar de ser brasuca e pouco reconhecido na terrinha.
    Este livro me chamou pra lê-lo, foi recomendado por um amigo e não me saia da cabeça. A leitura é toda filosófica, inclusive com a utilização do mito da caverna (similaridade novamente). Fiquei fascinado! O final é surpreendente. Vale a pena conferir.
    Na capa está escrito: "O que realmente significa ser humano?". Então você já pode imaginar que tem tudo a ver com nossa praia. Já avisei sobre o livro ao amigo Fabio, espero que vocês leiam, não irão se arrepender.

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  6. Mas não teve um caso parecido recentemente?
    Uma menina que ficou presa anos no porão e teve filhos com o captor?
    A arte imita a vida ou a vida imita a arte?
    Trágico de todo jeito né!

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  7. Rodolfo
    Fui procurar a sinopse e adorei, aliás só pela capa eu já sentiria desejo de ler a obra. Um amigo me mandou um link para baixar e ler na tela...mas não é de domínio público e não sei se posso publicar aqui. :(

    Fábio
    Teve sim...aliás isso acontece toda hora. São as atrocidades do mundo moderno. E chamam isso de evolução. ahahah

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