quarta-feira, 23 de julho de 2014

É UM CAMPO DE BATALHA – Graham Greene



Gostei muito de ter lido esse livro, uma verdadeira aula sobre a arte de se escrever um romance! Nessa leitura, intuí algo como uma “escola inglesa de literatura da primeira metade do século XX”, manifesta na estrutura e concepção do romance, similar a outras obras britânicas dessa mesma época que já li, especialmente o excelente “Contraponto” do Aldous Huxley.

É um tipo de romance onde cada pequeno acontecimento da trama parece revestido de profundo simbolismo, de forma a retratar de forma completa a personalidade e a vida dos personagens. Isso me fez lembrar de outro livro muito bom que li, “A Estrutura do Romance” de Edwin Muir, onde o autor distingue os romances entre organizados em função do tempo (“romance dramático”) ou do espaço (“romance de personagem”). Pois então, nesse contexto “É Um Campo de Batalha” seguramente pode ser classificado como mui digno representante do “romance de personagem”. Greene com muita categoria faz um vívido retrato das pessoas e da sociedade de sua época, e nesse panorama alcança expressar uma totalidade, ainda que sombria e deprimente. E isso tudo em uma trama envolvente, que captura o leitor. Isso é diversão e arte!

A história gira em torno de um ativista comunista que mata um policial durante uma manifestação, e que por conta disso é condenado à morte. Esse é o pano de fundo para a habilidosa tecelagem de Greene, que traduz uma visão desencantada do mundo, mas que ainda se permite acalentar um laivo de esperança. Literatura de gente grande!


  
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MANIFESTO – Mensageiros do Vento

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