quarta-feira, 24 de julho de 2019

CIDADES DE PAPEL – John Green



Quando esse livro apareceu no P.U.L.A. (Passe Um Livro Adiante), decidi que era uma boa oportunidade de fazer mais uma incursão nos Best-Sellers contemporâneos.

A primeira surpresa foi descobrir que o texto é direcionado para o público adolescente, o que é feito com muita habilidade. Achei particularmente interessante a maneira de o autor retratar os poucos personagens adultos: ou são chatos e não entendem nada (como os pais de Margo), ou são legais, mas não entendem nada (como os pais de Quentin), ou são obcecados por coisas sem sentido, ou seja, não entendem nada (como os pais de Radar), ou são melancólicos para cacete (como o policial que investiga o desaparecimento de Margo), quer dizer, não entendem mesmo nada. Um belo resumo da visão adolescente do mundo dos adultos.

É certo que John Green escreve de forma atraente, pois consegue fazer fluir a leitura com interesse em uma história onde pouco acontece, além do início instigante. Há a sugestão de que temas emocionais profundos estão sendo abordados, por conta de citações de Walt Whitman e Sylvia Plath.


O grande ganho que essa leitura representou para mim foi a possibilidade de refletir mais a fundo sobre uma questão que por sincronicidade me ocorreu há pouco tempo: até que ponto a adolescência é um fenômeno intrínseco à experiência humana e até que ponto é uma construção cultural?

Uma boa chave para interpretar a chamada “crise da adolescência” é perceber que nas sociedades ditas primitivas ela simplesmente não existe. O que existe são os “ritos de passagem” que configuram de forma bem definida o papel social do indivíduo, assinalando passo a passo sua transformação de criança em adulto.

Já em nossa sociedade, essa crise atinge principalmente a classe média. Os muito pobres não têm direito sequer à infância, que dirá à adolescência. Quanto aos muito ricos, desconfio que vivenciem de forma diferente essa transição dos sonhos da infância para as realidades da vida adulta.

Meu palpite é que a crise da adolescência é marcada pela percepção de que o nosso mundo moderno é fundamentalmente insano e desprovido de sentido. O adolescente não é apenas um "rebelde sem causa”, pois na ausência de “causas” é que justamente reside o motivo de sua rebeldia: uma causa para viver, um sentido para a existência, algo mais que uma mera vida de papel em uma cidade de papel.





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Imagine um jogo que ensina as crianças a rimar e fazer Poesia!
Disponível gratuitamente no link abaixo:

O jogo POESIA DE BOTÃO faz parte do projeto selecionado pelo Edital Arte Todo Dia – Ano IV, da Fundação Gregório de Mattos (Prefeitura de Salvador), com apoio de Athelier PHNX, Verlidelas Editora, Caligo Editora, Suporte Informática e AG1. O propósito do jogo é convidar as crianças a vivenciar o universo da Poesia de forma lúdica e atrativa, como uma “brincadeira de montar versos”. POESIA DE BOTÃO é especialmente indicado para crianças já alfabetizadas, mas nada impede que adultos possam brincar também e se beneficiar com o jogo.


Um comentário:

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