Como tive a honra e a
alegria de escrever o prefácio desse magnífico concerto poético, limito-me a
repetir aqui o que lá escrevi:
Antes de falar da Poesia de João Fernando Gouveia, é meu privilégio poder contar aqui como veio a lume o seu belo Concerto para Vozes Silenciadas, pois a própria história da publicação do presente livro, por si só, é uma autêntica saga poética, com direito a muito encantamento e lirismo.
Se é que de fato é possível identificar o início de alguma coisa neste mundo, o começo se deu em maio de 2020, quando estávamos vivenciando o pânico e as incertezas dos primeiros meses da pandemia de COVID-19. Sergio Carmach, editor da Verlidelas, convidou-me para organizar junto com ele uma antologia intitulada Cura Poética. Fui imediatamente capturado pela proposta da obra, terceiro volume da série Delirium Liricus, que divide os poemas em três categorias: os “Remédios”, que são poesias mais otimistas, os “Venenos”, que têm versos carregados de pessimismo, e os “Placebos”, cuja função principal é divertir e encantar.
A Cura
Poética foi lançada em
novembro de 2020, com 18 “remédios”, 45 “venenos” e 56 “placebos”, totalizando
nada menos que 119 poemas de 47 poetas dos mais diversos recantos do Brasil. Após
a seleção para a antologia, a Verlidelas estabeleceu um concurso destinado a
premiar o autor do melhor poema da obra. O vencedor seria agraciado com a
publicação de seu livro solo, com todos os custos bancados pela editora. Para a
difícil tarefa de escolher os cinco poemas finalistas, foram convocados os escritores
Adão Cunha, Alessandro Diniz, Márcio J. S. Lima, Maria Elisa S. Ribeiro e Tiago
Oliveira. E João Fernando Gouveia, com o seu “remédio” chamado Correspondência
Ridícula, foi um dos poetas selecionados para a segunda etapa, na qual cada
um dos finalistas enviou seu livro de poemas para avaliação da editora. Como evidencia
o livro que está em suas mãos, Concerto para Vozes Silenciadas foi aclamado o grande vencedor do concurso.
A história da publicação desta obra, portanto, é uma história vitoriosa e imbuída da força que nasce da coletividade. Muitas pessoas participaram, de forma direta ou indireta, do processo de composição da Cura Poética, que culminou na sagração do livro do poeta João Fernando Gouveia.
Essa conexão dinâmica entre o individual e o coletivo está igualmente presente nos poemas que o público agora tem a oportunidade de ler e vivenciar. Lembro que eu era ainda adolescente quando travei contato com a emblemática frase que dá título ao primeiro livro de Mário de Andrade: “Há uma gota de sangue em cada poema”. Essa expressão me marcou tão fortemente que passou a ser o critério principal para sentir e avaliar toda Poesia lida por mim desde então: “há sangue neste poema?”
Os leitores certamente irão concordar comigo que a Poesia de João Fernando Gouveia está viva, com o coração batendo forte e o sangue pulsando nas veias. João é um poeta de muitos semblantes e linguagens, sempre disposto a experimentar e inovar. Em um dado momento, ele pode falar de sua baianidade à flor da pele, como nesses expressivos versos:
não, não
quero nada,
a não ser um côvado de
felicidade
com vista para o mar.
E já no momento
seguinte ele é capaz de exalar sublimes axiomas, tais como:
a máxima e inigualável lição da vida
é o amor quem ensina.
Creio que João é
capaz desses constantes saltos do micro para o macro, sobretudo porque ele está
permanentemente interessado na vida. Não somente na sua própria vida de poeta, por
rica que seja, com suas miríades sutis de instantes eternizados, mas também na
vida do povo, com suas alegrias e mazelas, que se transformam em inspiradoras
canções libertárias por sua pena.
É no diálogo entre o íntimo mais profundo e o universal mais amplo que vai sendo orquestrado o Concerto para Vozes Silenciadas. Gratidão, maestro João Fernando Gouveia, por sua Poesia que brilha no mundo!
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Inscrições
abertas
Premiação de
R$ 500,00 para o melhor poema
https://www.verlidelas.com/cura-poética-2
Organizada por
Fabio Shiva e Sergio Carmach, esta antologia será a quarta da série “Delirium
Liricus”, que compara cada poesia a uma pílula, classificando-as como remédios
(quando mais otimistas), venenos (quando mais pessimistas) e placebos (quando
feitas para divertir, encantar).
Sendo a poesia uma ótima forma de se curar feridas da alma, a antologia “Cura Poética 2” é mais uma oportunidade para os poetas extravasarem o que trazem dentro de si nessa longa época de incertezas em que vivemos. Componha sua poesia - seja ela um remédio, um veneno ou um placebo - e nos envie.
Confira o edital:
https://www.verlidelas.com/cura-poética-2
Teaser:
Uma bela publicação!:))
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Rasgam-se pensamentos pelas nuvens
.
Beijo, e um excelente fim de semana.
Gratidão, querida!
ExcluirViva a Poesia!