Resenha do livro “PERRY RHODAN: BATALHA NO
SETOR VEGA (P010) – K. H. Scheer”
A série Perry Rhodan marcou profundamente minha infância e adolescência. E agora, mais de trinta anos depois, estou lendo novamente esses livros tão queridos. Terminei de reler o décimo volume da saga, meu favorito até o momento.
“Batalha no Setor Vega” marca a primeira aventura de Perry Rhodan fora dos limites de nosso sistema solar. Como de costume, a narrativa da ação é entremeada por passagens de cunho mais reflexivo, até filosófico, que só ganham em sabor com a passagem do tempo:
“No entanto, Rhodan ainda ignorava os detalhes essenciais. Mas, como o cérebro-robô positrônico havia desencadeado o alarma, era de supor que a posição galáctica do planeta Terra corria risco imediato.
A posição galáctica! Durante
os últimos três anos, toda a preocupação de Rhodan havia girado em torno deste
ponto. Pois há três anos, pouco após a criação da Terceira Potência, seres
extraterrenos haviam conseguido pôr pé na Terra pela primeira vez. Debelado o
perigo, semanas, meses e anos decorreram sem ocorrências dignas de menção, a
não ser que se considerasse fora do comum a febril atividade de construção
desenvolvida na área territorial da Terceira Potência.”
Penso que mesmo sem estarmos imediatamente às voltas com ameaças interplanetárias, seremos beneficiados por algum tempo que dediquemos a considerar a nossa “posição galática”… Sempre é bom trazer um pouco de perspectiva cósmica ao nosso mesquinho e atarefado cotidiano!
A transferência da ação para outro sistema solar traz à tona um dos problemas clássicos das histórias de ficção científica: como realizar viagens a grandes distâncias? Essa questão é um problema devido a dois fatores principais:
1) A vastidão do espaço sideral.
2) A brevidade da vida humana.
Para lidar com
esse problema no campo da ficção científica, a imaginação dos autores
geralmente recorre a duas linhas básicas de solução: a primeira é o sono
criogênico e a segunda é o salto no hiperespaço. Imagino que muitos artigos
interessantes devem ter sido escritos a respeito dessas duas vertentes, embora
eu pessoalmente nunca tenha lido nenhum. Na verdade, essa ideia tão óbvia das
duas soluções ficcionais para as viagens espaciais só me ocorreu agora, nessa
releitura do volume 10 da série Perry Rhodan! Que aliás adota entusiasticamente
a segunda alternativa:
“— Assim que chegarmos à órbita de Júpiter, partimos para o primeiro salto hiperespacial jamais realizado por homens!”
Tive ainda duas outras oportunidades bem interessantes de reflexão a partir dessa leitura. A primeira foi o estranhamento causado pela enfática afirmação de que a humanidade só poderia estabelecer vínculos e um real entendimento com outra espécie humanoide:
“Pela primeira vez na sua existência concordou com a máxima arcônida de que entes não-humanos só poderiam ser tolerados em circunstâncias muito excepcionais. Pois regiam-se por uma ética muito diversa, alimentando conceitos existenciais incrivelmente estranhos. Se apareciam com más intenções, não havia outra alternativa a não ser a guerra de extermínio.”
A princípio
discordo dessa estimativa. Não acho impossível que possamos ter algum tipo de
comunicação real e entendimento com seres que sejam anatômica e biologicamente
diversos dos seres humanos. Por outro lado, o mero fato de ser um humanoide não
estabelece por si a possibilidade de entendimento com outro humanoide. Basta
observar a nossa história, desde seus primórdios até (infelizmente) o dia de
hoje, para constatar que uma das tarefas mais difíceis é estabelecer o
entendimento e a boa vontade entre os seres humanos…
A segunda reflexão foi bem mais otimista. Em determinado ponto da história, Perry Rhodan e sua equipe entraram em uma situação bastante difícil, aparentemente sem saída. Ao ler esse trecho, o escritor em mim interrompeu a leitura e se fez a seguinte pergunta: se fosse você contando essa história, qual seria a solução? E claro que fiquei feliz ao descobrir, mais à frente, que essa foi a solução adotada pelo autor K. H. Scheer! E mais uma vez rendi louvores ao poder das histórias, que nos inspiram a superar as dificuldades da vida com a força da imaginação!
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FABIO SHIVA é músico, escritor e produtor cultural. Autor
de “Favela Gótica” (https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica), “Diário de um Imago” (https://www.amazon.com.br/dp/B07Z5CBTQ3) e “O Sincronicídio” (https://www.amazon.com.br/Sincronic%C3%ADdio-sexo-morte-revela%C3%A7%C3%B5es-transcendentais-ebook/dp/B09L69CN1J/).
Coautor e roteirista de “ANUNNAKI - Mensageiros do Vento” (https://youtu.be/bBkdLzya3B4).
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