Resenha do
livro “UM CRIME NA HOLANDA”, de Georges Simenon
Um pacato vilarejo na Holanda torna-se o cenário de um misterioso crime de morte. Um professor francês, que visitava o local para realizar uma palestra, vê-se como o suspeito do assassinato ao ser pego literalmente com a arma do crime na mão. Por se tratar de um cidadão francês em território estrangeiro, o comissário Jules Maigret é enviado para lá, a fim de acompanhar as investigações. Detalhe: ele não conhece uma palavra de holandês.
Daí se segue um típico mistério de Maigret, em que o ambiente emocional e sobretudo as personalidades dos envolvidos são bem mais importantes que as pistas e despistes a serem desvendados pelo leitor-detetive. A descrição dos personagens e cenários é, como sempre, fascinante. Talvez por se tratar de uma das primeiras aventuras de Maigret (é o sétimo romance de Simenon protagonizado pelo comissário), há uma estranha insistência nesses temas mais tradicionais do mistério policial clássico. Temos as pistas enganadoras de um toco de charuto e um boné de marinheiro largados no local do crime, e até um quase mistério do quarto fechado: como o assassino conseguiu desferir o tiro fatal pela janela do banheiro e depois sair de lá sem ser visto pelos outros hóspedes da casa?
Mas esse não é o forte de Simenon, que acaba deixando um furo e tanto em sua trama, grande o bastante para fazer afundar um dos barcos que preenchem o cenário de “Um Crime na Holanda”. Mas quase não nos damos conta disso, embevecidos pela força dos personagens, que continuam vívidos em nossa mente muito tempo depois da leitura. Por essas e outras é que amo ler as aventuras do comissário Jules Maigret. E viva Simenon!
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Fabio
Shiva é músico, escritor e produtor
cultural. Fundador da banda Imago Mortis. Coautor e roteirista de ANUNNAKI -
Mensageiros do Vento, primeira ópera rock em desenho animado produzida no
Brasil. Publicou livros de gêneros diversos: romance policial, ficção
especulativa, contos, crônicas, infantojuvenil e poesia, além de várias
antologias poéticas como organizador. Ghost Writer com seis livros
publicados. Idealizador e proponente de diversos projetos aprovados em editais
públicos, como Oficina de Muita Música!, Gaia Canta Paz, Pé de Poesia, Doce
Poesia Doce, Poesia de Botão, Gincana da Poesia e P.U.L.A. (Passe Um Livro
Adiante). Autor convidado na Bienal do
Livro Bahia 2022 e da FLIPO Castro Alves 2025. Desde 2023 atua à frente da
Natesha Editora.
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