Este magnífico livro consiste na transcrição de uma série de palestras proferidas nos Estados Unidos por Tenzin Gyatso, o XIV Dalai-Lama, durante a primavera de 1984, cinco anos antes que ele fosse laureado com o Prêmio Nobel da Paz. O Dalai-Lama ainda não era a figura mundialmente conhecida que é hoje.
Por esse motivo as palestras foram voltadas para o público mais restrito dos budistas praticantes, o que torna a leitura às vezes um pouco árdua pelas referências a detalhes da complexa filosofia budista. Muito ajuda na compreensão geral do texto a introdução escrita por Jeffrey Hopkins, que foi o intérprete do Dalai-Lama durante as palestras e também o responsável pela transcrição.
A introdução é basicamente uma descrição da “roda da existência cíclica”, a impressionante imagem que sintetiza os ensinamentos budistas. Essa imagem pode ser visualizada abaixo:
Boa parte das palestras consiste na elucidação dos simbolismos contidos na “roda da existência cíclica”. Se essa parte já contém sublimes e inesquecíveis ensinamentos, que dizer do trecho final, onde o Dalai-Lama sinaliza para os caminhos da prática, onde sabedoria confunde-se com altruísmo? Um alimento precioso para as almas sedentas por conhecimento.
O budismo é um sistema de pensamento que se situa entre a religião e a ciência, dividido em várias vertentes, correntes e interpretações cujas diferenciações são às vezes tão sutis que escapam completamente aos menos familiarizados. Confesso que fiquei completamente perdido em algumas passagens.
Por sorte, a compaixão do Dalai-Lama se estende aos menos esclarecidos! Acho que a essência da teoria e da prática propostas no livro pode ser resumida em duas respostas do Dalai-Lama a perguntas formuladas ao fim das palestras:
PERGUNTA: “Como podemos entender a vacuidade de modo bem simples, sem entrar em uma filosofia excessivamente intelectualizada?”
RESPOSTA: “O que eu estive falando nos últimos três dias não é simples o bastante? A idéia principal é que, quando os objetos são procurados sob análise, não são encontrados, mas isto não significa que eles não existam – significa simplesmente que falta a eles existência inerente. Se você contemplar isto repetidamente, em dado momento a realização emergirá.”
PERGUNTA: “Qual seria uma prática básica e simples que eu poderia ter em mente?”
RESPOSTA: “Ajude os outros, se você é capaz de fazê-lo; senão, pelo menos não cause mal aos outros.”
Vou verificar isso direito e pedirei para abrirem o blog novamente.
ResponderExcluirObrigada pelo aviso.
Pamela