Primeira
parte:
DAS
PAIXÕES EM GERAL E OCASIONALMENTE DE TODA A NATUREZA DO HOMEM
Descartes
surge aqui como um dos primeiros psicólogos modernos, se não o primeiro, ao
esboçar um sistema teórico completo para o funcionamento da personalidade.
Uma das
partes mais interessantes sem dúvida é quando o filósofo fala da glândula
pineal, que para ele é o ponto do corpo onde a alma está especialmente
concentrada. Muito massa essa visão dele!
Um
aprendizado à parte que essa leitura trouxe foi essa sacação de como a
filosofia ocidental nasceu e se desenvolveu quase que totalmente na ignorância
de sua irmã mais velha, a filosofia oriental.
Esse
pensamento me proporcionou muitas viagens, que sintetizo na alegoria de um
romance na linha de Irvin Yalom, autor de “Quando Nietzsche Chorou”, ou então
na linha do escritor de “O Mundo de Sofia”, Jostein Gaarder:
“O que
teria acontecido se René Descartes tivesse lido o Bhagavad-Gita?”
Talvez
pouca coisa tivesse mudado. Mas quem sabe o mundo inteiro que conhecemos hoje
fosse completamente diferente!
Segunda
parte:
DO
NÚMERO E DA ORDEM DAS PAIXÕES E A EXPLICAÇÃO DAS SEIS PRIMITIVAS
Descartes
já começa enfatizando a importância da glândula pineal na origem das paixões:
“(...)
a última e mais próxima causa das paixões da alma não é outra senão a agitação
com que os espíritos movem a pequena glândula situada no meio do cérebro.”
(Art. 51)
Para o
filósofo, as seis paixões primitivas são: “a admiração, o amor, o ódio, o
desejo, a alegria e a tristeza; e todas as outras compõem-se de algumas dessas
seis”. (Art. 69)
Terceira
parte:
DAS
PAIXÕES PARTICULARES
Foi o
trecho que mais gostei desse livro. Hoje não dá para se guiar muito pelo
sistema de classificação das paixões usado por Descartes, baseado ainda em “espíritos”
e “humores” (bilioso, sanguíneo etc.). Então o texto interessa principalmente
ao estudante de história da filosofia, mas é sempre interessante observar o
modo como Descartes via o mundo, o que aparece em algumas frases marcantes.
Sobre a
generosidade:
“Assim
creio que a verdadeira generosidade, que leva um homem a estimar-se ao mais
alto ponto em que pode legitimamente estimar-se, consiste apenas, em parte, no
fato de conhecer que nada há que verdadeiramente lhe pertença, exceto essa
livre disposição de suas vontades, nem por que deva ser louvado ou censurado
senão pelo seu bom ou mau uso”. (Art. 153)
Como a
generosidade impede que se despreze os outros:
“Os que
têm esse conhecimento e sentimento de si próprios persuadem-se facilmente de
que cada um dos outros homens também os pode ter de si, porque nisso nada há
que dependa de outrem.” (Art. 154)
“Assim,
os mais generosos costumam ser os mais humildes”. (Art. 155)
“(...)
e acontece muitas vezes que os que possuem o espírito mais baixo são os mais
arrogantes e soberbos, da mesma maneira como os mais generosos são os mais
modestos e os mais humildes.” (Art. 159)
Descartes
encerra sua explanação afirmando que as paixões “são todas boas por natureza e
que só devemos evitar o seu mau uso ou os seus excessos.” (Art. 211)
Não
pude evitar pensar novamente: e se Descartes tivesse travado contato com a
filosofia sankhya? Como teria influenciado em sua filosofia o conhecimento do
conceito hindu de “rajas” (paixão)??? A que alturas ele não teria chegado,
partindo já de tão alto???
Imaginar
é de graça...
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Fabinho!
ResponderExcluirDescartes foi um dos precursores a unir o ôrganico e o espiritual, um estudioso sem igual!
cheirinhos
Rudy
Rudy amada, adorei seu comentário, valeu!!!
Excluirbeijos