Não foi
à toa que a leitura da introdução me provocou tantas emoções. Pois ao reler o
“Discurso” vivenciei novamente todo o entusiasmo dessa grande aventura chamada
filosofia!
Descartes
se opõe principalmente ao pensamento escolástico, baseado na mera repetição do
que está escrito nos livros antigos. Esse caminho só poderá levar, na melhor
das hipóteses, à verossimilhança, algo que tem apenas a aparência de verdade.
Para alcançar a ‘verdade verdadeira’, é preciso exercitar a dúvida radical:
questionar tudo como incerto, como possível enganação. Somente o que passar
pelo crivo das quatro regras do método poderá ser considerado verdade:
1)
Evidência – aceitar apenas aquilo que for evidente à razão.
2)
Análise – dividir cada assunto em suas menores partes.
3)
Síntese – juntar as partes em um todo coeso.
4)
Rememoração – nada omitir em sucessivas recordações do assunto.
É isso
o que torna Descartes um grande filósofo: seu primeiro passo é colocar em
suspenso tudo o que foi escrito antes dele, não aceitar nada como certo. Ele se
propõe a investigar o mundo inteiro e a si mesmo a partir de sua própria razão.
E desse mergulho profundo na dúvida ele emerge com uma luminosa certeza, um dos
pontos mais altos da filosofia ocidental: “penso, logo existo”.
Uma
tradução mais adequada para o famoso “cogito ergo sum” seria “duvido, logo
existo”. O próprio ato de duvidar (ou de pensar) exige um sujeito pensante, e é
daí que nasce a certeza de Descartes. Genial!
O passo
seguinte é demonstrar a existência de Deus como algo evidente e irrefutável
para a razão. Não foi uma manobra para “fazer média” com a Inquisição. Não foi
covardia intelectual, muito pelo contrário. Descartes falando que Deus existe é
filosofia pura, na verdade é a base de seu sistema filosófico.
Em
minha opinião vivemos hoje um certo retorno da Escolástica no pensamento
científico. Tenho observado que diante de evidências que contrariam os dogmas
científicos atualmente vigentes, a reação da grande maioria dos pesquisadores é
simplesmente ignorar o dado conflitante. Já tive oportunidade de perceber essa
postura de negação em várias áreas da ciência. Acho isso de uma maluquice
tremenda!
Para
ser sincero, creio que hoje vivemos uma Idade Média da ciência. É necessário
que surja um novo Renascimento, dessa vez não o renascimento da razão isolada,
que se mostrou tão estéril quanto a fé isolada. É necessário um renascimento
espiritual, tanto quanto intelectual. Pois só assim a humanidade alcançará a
tão sonhada sabedoria.
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Fabinho!
ResponderExcluirA filosofia de Descartes sem dúvida nos faz questionar determinados valores e imaginar o que poderemos melhorar.
Lindíssima sua resenha!
cheirinhos
Rudy
Oi Rudy querida, valeu demais!!!
ExcluirFilosofar é uma delícia né!
beijos