Finalmente
leio um livro da P. D. James estrelado por sua criação maior, o detetive e
poeta Adam Dalgliesh.
Pouco
demorou para que eu percebesse que não teria sossego até chegar à última página
e afinal chegar à solução do mistério. Um romance policial de primeira, bom
demais!
Sob
muitos aspectos, é uma história no padrão clássico, estilo “whodunit” (“quem
matou?”). Os suspeitos são claramente delineados desde o início, e cabe ao
leitor ser mais esperto que o detetive e decifrar antes dele as pistas
oferecidas.
O
grande diferencial de P. D. James, que confirmo em mais esse livro dela que
leio, é a profunda construção dos personagens. Muitos personagens de romances
policiais são bidimensionais e até caricatos, mas seguramente esse não é o caso
nos livros de James. Até mesmo o personagem secundário de menor importância é
ricamente detalhado em suas motivações e complexidades. Em minha opinião, isso
acrescenta muito valor à leitura!
Tive um
bom aprendizado sobre a técnica do romance policial, percebendo uma semelhança
entre P. D. James e Agatha Christie (sempre volto a compará-las, é uma maneira
também de aprender). É mais ou menos assim: digamos por exemplo que você tem
cinco suspeitos no livro. Existe o suspeito mais óbvio, que você sabe que não
será o verdadeiro culpado, e o suspeito menos óbvio, que é quem provoca sua
desconfiança desde o início. A técnica consiste em habilmente distrair o leitor
com um suspeito menos óbvio, levando-o a desprezar um outro que seria tão pouco
óbvio quanto, e que é o verdadeiro culpado!
Nem
preciso dizer que fui totalmente enganado! Mas aqui percebi uma diferença
fundamental entre Agatha e James, fazendo pesar a balança em favor de nossa
tradicional Rainha do Crime. A hora da revelação, em um livro de Agatha
Christie, é sempre um momento mágico e imbatível, justamente por seus crimes
serem tão fantasiosos. Ao optar por uma narrativa mais realista, P. D. James
sacrifica uma parcela do encantamento que reside no jogo do romance policial.
Ao ser enganado por Agatha, sempre fico de boca aberta e com vontade de
aplaudir. Ao ser enganado por James, não sinto o mesmo fascínio. Nada,
felizmente, que comprometa o prazer da leitura!
Outro
ponto interessante que venho percebendo nas obras de P. D. James é uma crítica sutil, porém constante, à falta
de afetividade nas relações modernas e também à hipocrisia das convenções
religiosas, em muito afastadas de uma verdadeira espiritualidade.
Sobre
Adam Dalgliesh, gostei muito dele!!! Em alguns momentos, não sei bem porque,
ele me lembra um pouco o Maigret...
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Aproveito para convidar você a conhecer o livro O SINCRONICÍDIO:
Booktrailler:
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MANIFESTO: LEIA AGORA (porque não existe outro momento):
Eita Fabinho!
ResponderExcluirO livro deve ser interessantíssimo, ainda não li=(
Linda sua resenha.
cheirinhos
Rudy
Ah Rudy é muito bom sim!!!
Excluirvaleu querida!
beijos