quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

SALA DOS HOMICÍDIOS – P. D. James




Finalmente leio um livro da P. D. James estrelado por sua criação maior, o detetive e poeta Adam Dalgliesh.

Pouco demorou para que eu percebesse que não teria sossego até chegar à última página e afinal chegar à solução do mistério. Um romance policial de primeira, bom demais!

Sob muitos aspectos, é uma história no padrão clássico, estilo “whodunit” (“quem matou?”). Os suspeitos são claramente delineados desde o início, e cabe ao leitor ser mais esperto que o detetive e decifrar antes dele as pistas oferecidas.

O grande diferencial de P. D. James, que confirmo em mais esse livro dela que leio, é a profunda construção dos personagens. Muitos personagens de romances policiais são bidimensionais e até caricatos, mas seguramente esse não é o caso nos livros de James. Até mesmo o personagem secundário de menor importância é ricamente detalhado em suas motivações e complexidades. Em minha opinião, isso acrescenta muito valor à leitura!

Tive um bom aprendizado sobre a técnica do romance policial, percebendo uma semelhança entre P. D. James e Agatha Christie (sempre volto a compará-las, é uma maneira também de aprender). É mais ou menos assim: digamos por exemplo que você tem cinco suspeitos no livro. Existe o suspeito mais óbvio, que você sabe que não será o verdadeiro culpado, e o suspeito menos óbvio, que é quem provoca sua desconfiança desde o início. A técnica consiste em habilmente distrair o leitor com um suspeito menos óbvio, levando-o a desprezar um outro que seria tão pouco óbvio quanto, e que é o verdadeiro culpado!

Nem preciso dizer que fui totalmente enganado! Mas aqui percebi uma diferença fundamental entre Agatha e James, fazendo pesar a balança em favor de nossa tradicional Rainha do Crime. A hora da revelação, em um livro de Agatha Christie, é sempre um momento mágico e imbatível, justamente por seus crimes serem tão fantasiosos. Ao optar por uma narrativa mais realista, P. D. James sacrifica uma parcela do encantamento que reside no jogo do romance policial. Ao ser enganado por Agatha, sempre fico de boca aberta e com vontade de aplaudir. Ao ser enganado por James, não sinto o mesmo fascínio. Nada, felizmente, que comprometa o prazer da leitura!

Outro ponto interessante que venho percebendo nas obras de P. D. James  é uma crítica sutil, porém constante, à falta de afetividade nas relações modernas e também à hipocrisia das convenções religiosas, em muito afastadas de uma verdadeira espiritualidade.

Sobre Adam Dalgliesh, gostei muito dele!!! Em alguns momentos, não sei bem porque, ele me lembra um pouco o Maigret...



***///***
Aproveito para convidar você a conhecer o livro O SINCRONICÍDIO:

Booktrailler:


Blog:
http://sincronicidio.blogspot.com/
 
***///***
MANIFESTO: LEIA AGORA (porque não existe outro momento):

2 comentários:

  1. Eita Fabinho!
    O livro deve ser interessantíssimo, ainda não li=(
    Linda sua resenha.
    cheirinhos
    Rudy

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...