Adoro esse poeta ultraromântico do século XIX, que
consegue sempre entrelaçar com muita propriedade amor x ironia, abraçados numa
grande porção de melancolia. Considerado um dos mais conceituados
representante, do que a crítica chama de “geração do mal do século”
(byronismo), Álvares nunca deixa a desejar em suas obras, que aliás, em sua
maioria, foi publicada postumamente, pois de férias no sítio do avô adquiri tuberculose
e um tumor que se agravam após uma queda de cavalo, morrendo precocemente aos 20
anos em 1852.
Uma curiosidade bibliográfica...dizem que foi
enterrado em um cemitério na Praia Vermelha no Rio de Janeiro, e após uma
ressaca o cemitério e destruído, porém seu cachorro encontra seus restos mortas
e é sepultado de novo, no mausoléu da família no Cemitério São João Batista também no Rio, ao lado dos túmulos de grandes nomes literários do século XIX.
Sinistro né?
Está obra dada como a mais completa do poeta,
foi editada em 1942, organizada definitivamente em 3 partes, numa linda leitura
que cai nos braços do que a crítica chamou de ultra-romantismo, onde o poesia x amor x religiosidade x morte
são as marcas principais, floreadas por uma linguagem poética-realista
sonhadora, e disfarçada
em mais de 100 poemas fortes, com a marca fortemente melancólica de Álvares.
Bibliografias
contam que a obra foi publicada por um amigo pela primeira vez em 1853, com a
titularidade “Obras de Manuel Antônio Alvares de Azevedo”, dividida apenas em 2
partes, um ano após a morte do autor, numa junção das anotações, em vários
cadernos do amigo. Vinte anos depois em 1873, é reeditada e redividida em 3
partes, porém somente em 1942
a obra é editada de novo e ganha a versão a que lemos
atualmente.
Podemos notar ao longo dos mais
de 100 poemas, uma influência importada da época, como a ironia de Lorde Byron
que é presença constante e muito marcante na obra. Poemas crivam o mundo
sensível, crítico, irônico, realista, sensual e melancólico do autor, nos
trazendo os argumentos amor x morte em confronto constante. As 3 partes da obra
se misturam num único diálogo...deixando o leitor completamente extasiado,
satisfeito, com uma sensação de felicidade por partilhar com o autor tão
maravilhosa obra.
Personagens
místicos, emprestados de ‘A Tempestade’ de Shakespeare, como Ariel
(representante do bem) e Caliban (representante do mal) , o autor alterna temas
como amor, pureza, felicidade, angústia, ironia, melancolia, tristeza e
morbidez com muita facilidade e graça poética. Sua
fala nunca espelhou seus vinte anos, porém sempre nos firmou sua facilidade em viajar dentro de um mundo de fantasia, dialogando e passeando facilmente entre
o sonho e a realidade tediosa e maligna, numa tentativa de fuga
maravilhosa. Afinal segundo ele mesmo..."A
poesia é de certo uma loucura" .
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