quinta-feira, 16 de maio de 2013

LIRA DOS VINTE ANOS - Álvares de Azevedo




Adoro esse  poeta ultraromântico do século XIX, que consegue sempre entrelaçar com muita propriedade amor x ironia, abraçados numa grande porção de melancolia. Considerado um dos mais conceituados representante, do que a crítica chama de “geração do mal do século” (byronismo), Álvares nunca deixa a desejar em suas obras, que aliás, em sua maioria, foi publicada postumamente, pois de férias no sítio do avô adquiri tuberculose e um tumor que se agravam após uma queda de cavalo, morrendo precocemente aos 20 anos em 1852.

Uma curiosidade bibliográfica...dizem que foi enterrado em um cemitério na Praia Vermelha no Rio de Janeiro, e após uma ressaca o cemitério e destruído, porém seu cachorro encontra seus restos mortas e é sepultado de novo, no mausoléu da família no Cemitério São João Batista também no Rio, ao lado dos túmulos de grandes nomes literários do século XIX. Sinistro né?



Está obra dada como a mais completa do poeta, foi editada em 1942, organizada definitivamente em 3 partes, numa linda leitura que cai nos braços do que a crítica chamou de ultra-romantismo,  onde o poesia x amor x religiosidade x morte são as marcas principais, floreadas por uma linguagem poética-realista sonhadora, e disfarçada em mais de 100 poemas fortes, com a marca fortemente melancólica  de Álvares.
Bibliografias contam que a obra foi publicada por um amigo pela primeira vez em 1853, com a titularidade “Obras de Manuel Antônio Alvares de Azevedo”, dividida apenas em 2 partes, um ano após a morte do autor, numa junção das anotações, em vários cadernos do amigo. Vinte anos depois em 1873, é reeditada e redividida em 3 partes, porém somente em 1942 a obra é editada de novo e ganha a versão a que lemos atualmente.

Podemos notar ao longo dos mais de 100 poemas, uma influência importada da época, como a ironia de Lorde Byron que é presença constante e muito marcante na obra. Poemas crivam o mundo sensível, crítico, irônico, realista, sensual e melancólico do autor, nos trazendo os argumentos amor x morte em confronto constante. As 3 partes da obra se misturam num único diálogo...deixando o leitor completamente extasiado, satisfeito, com uma sensação de felicidade por partilhar com o autor tão maravilhosa obra.  

Personagens místicos, emprestados de ‘A Tempestade’ de Shakespeare, como Ariel (representante do bem) e Caliban (representante do mal) , o autor alterna temas como amor, pureza, felicidade, angústia, ironia, melancolia, tristeza e morbidez com muita facilidade e graça poética. Sua fala nunca espelhou seus vinte anos, porém sempre nos firmou sua facilidade em viajar dentro de um mundo de fantasia, dialogando e passeando facilmente entre o sonho e a realidade tediosa e maligna, numa tentativa de fuga maravilhosa. Afinal segundo ele mesmo..."A poesia é de certo uma loucura" .

Para quem quiser dar uma olhadinha em Domínio Público...
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1732

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