Depois de
ter relaxado com os Poemas de Alberto Caeiro, tive que voltar ao trabalho com
essa extensa obra de Proust, e resolvi dividir aqui algumas observações.
Obra
original com titularidade “La recherche du temps perdu”, escrita em 7 volumes
começando em 1909, mas que só veio a ser publicado pela primeira vez em 1913,
com mais de 2500 ps. em continuação, dispostas assim: No caminho de Swuann, À
sombra das raparigas em flor (ganhador do Nobel), O lado de Guermantes em 2 volumes,
Sodoma e Gomorra em 2 volumes, A prisioneira, A Fugitiva e O
Tempo Reencontrado, os
três últimos postumamente. O primeiro a traduzir no Brasil foi Mário Quintana
em 1948.
Romances onde a homossexualidade ronda, principalmente no
4º livro, numa época em que esse assunto não era permitido. Descreve
personagens como Barão de Charlus e Robert
de Saint-Loup como homossexuais assumidos, como também algumas mulheres da
trama. Alguns críticos inclusive, fazem a teoria da transposição de sexos
nessas obras, onde cada nome de mulher pode facilmente se transformar em nome
masculino. Proust é notoriamente um escritor dotado de detalhes e minucias em
suas linhas, e isso está claro e presente em todos os volumes.
Essa obra
de Proust nos leva a sonhar com suas descrições, em viagens ao passado,
fazendo-nos sentir como parte integrante do romance, relembrando a nossa
própria história, através de suas legongas tão cheias de saudosismo, poesia e
crítica. O autor narra memórias da infância familiar do personagem numa
trajetória evolutiva, nos levando a conhecer o amadurecimento dos seus amores,
de suas dores, e seu contato com as artes e com as terras. Senti a busca do
autor, pelo sentido da vida vazia, em todos os seus volumes, através de suas
questões filosóficas-existenciais.
Os
personagens se cruzam pelos volumes em tramas de ciúmes e amor. No volume “No
Caminho de Swuann”, a saga começa com as recordações da infância do narrador,
suas aflições infantis e passa para o amadurecimento do jovem, com analise dos
seus amores, seus ciúmes, seus envolvimentos, etc. Em seguida, em “A Sombra das
moças em flor”, já adolescente, conta a história de sua viagem a um balneário
onde passa as férias, seu ciclo de amizades e romances. Em “Sodoma e Gomorra”,
o narrador entra no mundo da inversão sexual, Sodoma masculina e Gomorra
feminina, relatando um ciclo de depravações. Já em “A Prisioneira”, ele
declara seu egocentrismo e sua visão do amor degradante. Em “A Fugitiva”, não
comenta a fuga em si, mas fala sobre sua mágoa e seu sofrimento pelo abandono
da fugitiva. Em “Tempo Recuperado” podemos sofrer com o narrador, o desamor em
todas as suas facetas.
Li um dia desses que essa linda obra, vista em seus 7
romances, serão transformados em
quadrinhos. Mas parece
que só veremos a obra completa lá por 2020, por cauda da demora nas
ilustrações. Vejo isso como um projeto brilhante, pois instigará os jovens a
lerem o original desses quadrinhos e conhecerem esse brilhante autor e sua obra
tão longa e enfadonha para leitores novatos.
Quem
tiver a chance, e gostar de descrições longas e poéticas, vale muito a
penaaaaa!
Nenhum comentário:
Postar um comentário