Um paleontólogo em crise diante da impermanência da vida
protagoniza esse romance bem diferente, que explora as diferentes acepções da
palavra “Maya”. Do mundo ilusório descrito pelos hindus às profecias maias,
passando pelo famoso quadro “Maja Desnuda” de Goya, tudo faz parte do caldeirão
onde Gaarder cozinha seu prato audacioso e original.
Por isso, antes de mais nada, muitas palmas para o autor!
Por não ter se acomodado ao sucesso de “O Mundo de Sofia” e continuar ousando
criar algo diferente. Muitos autores há que escrevem o mesmo livro ano após
ano, seguindo cuidadosamente a receita dourada que foi aprovada pelos leitores.
Felizmente esse não parece ser o caso de Jostein Gaarder!
O livro é uma curiosa mistura de carta, romance e
manifesto, no clássico esquema do “livro moldura”, que apresenta ao leitor um
livro dentro do outro. Gostei muito de algumas passagens e das ideias expostas
no livro. O tema central, me pareceu, é a grande mudança de paradigma que
estamos transitando, do velho materialismo mecanicista para o que poderíamos
chamar de idealismo quântico. Penso que trata-se de uma leitura benéfica para o
mundo, pela feliz abordagem desse complexo tema. Sincronicidade ter lido esse
livro junto com “Ilusões” do Richard Bach, que também afirma algo assim: a
humanidade está caminhando da matéria para o espírito. Viva viva viva!
É de se perguntar qual teriam sido as intenções iniciais
do autor com essa obra, e até que ponto elas foram alcançadas. Tive a impressão
de que alguma coisa não encaixou como devia, sobretudo da metade para o fim,
quando as reviravoltas amenas e repetições de algumas ideias fazem o livro
perder um pouco o pique. Nada que tenha tirado o prazer da leitura.
“Indaguei-me
até que ponto as ciências naturais tiveram como programa o poder de explicar
tudo. Tal projeto trazia implícito o perigo de que você ficasse completamente
cego para tudo aquilo que não se pode explicar.”
“Precisa-se de
bilhões de anos para criar um ser humano. E ele só precisa de alguns segundos
para morrer.”
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ANUNNAKI – Mensageiros do Vento
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